Vieira Junior0.0 Vencedor do Prêmio Jabuti (2024) . A história contada em Salvar o fogo tem várias camadas e muitos significados. Sua força reside na forma habilidosa que Itamar Vieira Junior mescla a trajetória íntima de seus personagens com traços da vida – social, emocional e cultural – brasileira. Moisés vive com o pai, Mundinho, e sua irmã, Luzia, em um povoado rural conhecido como Tapera do Paraguaçu, às margens do rio de mesmo nome, no interior da Bahia. Os outros irmãos estão espalhados pelo mundo. Tapera é uma comunidade de agricultores, pescadores e ceramistas de origens afro-indígena que vive à sombra do poder da igreja católica (dona de um mosteiro construído no século XVII e detentora do domínio das terras) e dos humores de seus membros religiosos, também suscetíveis à cobiça e às paixões. Órfão de mãe, Moisés encontra afeto – não livre de algumas escaramuças – com Luzia, uma jovem mulher estigmatizada entre a população por seus supostos poderes sobrenaturais. Para ganhar a vida, Luzia se torna uma diligente lavadeira do mosteiro e passa a levar uma vida de profundo sentido religioso, o que a faz educar Moisés com rigidez. Sua proximidade com a igreja também garante ao menino a formação que os irmãos mais velhos não tiveram. A vida escolar junto aos padres, porém, irá colocar Moisés em contato com experiências que marcarão sua vida para sempre e cujos reflexos podem mesmo estremecer sua relação com a irmã. Luzia, por sua vez, carrega a recordação dos irmãos que partiram, um a um, em busca de uma vida melhor por não encontrarem na aldeia perspectiva de terra, trabalho e dignidade. Sozinha, teve que cuidar da casa e do irmão, amparar o pai, além de lidar com a violência de uma comunidade que parece esquecer das próprias raízes. Ela ainda alimenta a esperança de reunir a família novamente, especialmente a irmã mais nova, que deixou a casa ainda na adolescência sem nunca ter retornado. Anos depois um grave acontecimento pode ser a oportunidade para que a família se reúna, e este reencontro promete deixar de lado décadas de segredos, sofrimentos e silêncios. A história se refaz pouco a pouco, à medida que a desconhecida história da aldeia se revela – descortinando junto com essa história familiar e particular um quadro mais amplo sobre o Brasil e seu povo. Épico e lírico, com o poder de emocionar, encantar e indignar o leitor a cada nova página, Salvar o fogo nos mostra que os fantasmas do passado de uma família muitas vezes não se distinguem dos fantasmas do país. Uma trama atravessada pelos traumas do colonialismo que permanecem vivos, como uma ferida ainda aberta.
Kaká Werá0.0 Nesta antologia participam alguns dos principais autores pioneiros responsáveis pelo fomento da literatura indígena no Brasil, como Daniel Munduruku, Kaká Werá, Cristino Wapichana, Ademario Ribeiro Payayá, Tiago Hakiy; e também representantes das gerações mais jovens e de grande talento como Edson Kaiapó, Auritha Tabajara, Trudruá Dorrico e Márcia Kambeba.
Ricardo Domeneck0.0 Com uma dezena de livros publicados no Brasil nos últimos vinte anos, antologias na Holanda, Alemanha e outras a caminho, Ricardo Domeneck, nascido no interior paulista e radicado em Berlim, é uma das vozes mais autênticas da poesia brasileira contemporânea e uma referência na lírica amorosa homoerótica.
Cabeça de galinha no chão de cimento aprofunda outra senda de sua produção: a do retorno às origens, aos ancestrais, às memórias da infância e adolescência no interior, fortemente contrastadas pelo tempo e pela experiência de vida no exterior, numa tentativa de compreensão de seu lugar e de seu estar no mundo.
Nesse exercício psicanalítico e antropológico, vêm à tona anseios, conflitos e traumas, bem como elos e intuições poderosas, que aqui se desdobram numa lírica dos afetos e da alteridade ― seja em relação aos antepassados, a poetas de sua geração ou a outras espécies animais ―, sempre atravessada pelo erotismo, que, como já apontou o crítico Gustavo Silveira Ribeiro, atua em sua poética como “um campo de força a partir do qual pensar não só os seus próprios gozos e lástimas, mas também algumas das contradições mais agudas do seu tempo
Luckas Iohanathan0.0 No árido Sertão nordestino, uma família luta contra a cruel dança da seca e da fome. Contudo, o verdadeiro desafio transcende as agruras da natureza. A filha do casal, aprisionada em uma cadeira de rodas, enfrenta uma doença silenciosa, que a priva do movimento e da voz. Em meio à escassez e à desesperança, a fé é testada e o fanatismo religioso emerge como uma sombra ameaçadora. Luckas Iohanathan esculpe uma narrativa profunda e comovente, que mergulha nas profundezas da miséria humana e da maternidade resiliente. Como Pedra recebeu Menção Honrosa no 1º Prêmio Latino-Americano de Quadrinhos, em 2022.
Rosa Freire dAguiar0.0 Bienvenue à Paris dos escritores, dos cafés e das transformações culturais. Ao combinar memórias e entrevistas, a jornalista e tradutora Rosa Freire d'Aguiar oferece um registro extraordinário de uma cidade e de uma época pulsantes.
Durante os anos 1970 e 1980, Rosa Freire d'Aguiar trabalhou como correspondente internacional em Paris. Os restaurantes mais badalados da época, a chegada do primeiro avião comercial supersônico, a devolução do deserto do Sinai ao Egito, tudo que dizia respeito a cultura e política internacional virava notícia, que era rapidamente despachada por telex para o Brasil. E, claro, as longas entrevistas, que marcaram a era de ouro das publicações impressas.
Com um texto saboroso, na melhor tradição do jornalismo literário, a autora reconstitui a atmosfera fervilhante que dominava a cidade — dos cafés e livrarias até os embates sociais e políticos que permeavam o dia a dia dos franceses. O livro ainda inclui 21 entrevistas com intelectuais, escritores e políticos, aqui personagens incontornáveis da história cultural do século Alain Finkielkraut, Alberto Cavalcanti, Conrad Detrez, Élisabeth Badinter, Ernesto Sabato, Eugène Ionesco, Fernand Braudel, François Perroux, Françoise Giroud, Georges Simenon, Jorge Semprún, Julio Cortázar, Michel Serres, Norma Bengell, Peter Brook, Raymond Aron, Roger Peyrefitte, Roland Barthes, Romain Gary, Simone Veil e Suzy Solidor.
Ilan Brenman0.0 Uma linguiça. Dois cachorros. Um homem. Uma mulher. Um lobo. Os três porquinhos. Pelé. Maradona... Onde essa disputa vai parar?? Era tanta gente de um lado e do outro que a confusão só aumentava.
Самир Машадо де Машадо0.0 A partir de clássicos da literatura policial, como Agatha Christie e Arthur Conan Doyle, Samir Machado de Machado faz uma releitura e uma homenagem ao gênero, numa trama que traz baronesas misteriosas e espiões comunistas em meio à ascensão do Terceiro Reich e à perseguição nazista aos gays da Berlim dos anos 1930. A isso, O crime do bom nazista combina temas do Brasil contemporâneo, mostrando como questões tristemente atuais podem perdurar por décadas.
Руи Кастро0.0 Combinando o melhor da ficção com a reconstituição histórica, Ruy Castro cria uma trama de tirar o fôlego que faz do imperador d. Pedro II o alvo de uma conspiração antimonarquista.
Лилия Мориц Шварц0.0 Com seu já consagrado poder narrativo, Lilia Moritz Schwarcz se volta à literatura infantil para proporcionar reflexões aos jovens leitores sobre assuntos de primeira importância, como a branquitude e o racismo estrutural que atinge a todas e todos no Brasil.
Alvo é um garoto cheio de energia, e está sempre com um assunto diferente na cabeça – pode ser a história do Brasil, algum super-herói de uma série da TV ou a próxima viagem que vai fazer nas férias. Ele mora com a família em um bairro elegante, vai à escola todo dia pela manhã e, a despeito de ser um garoto curioso, pouco percebe sobre o mundo à sua volta, tão diferente do seu.
Ebony adora fazer amigos e contar histórias – e até contaria mais, se tivesse tempo. Com a agenda cheia, da aula de dança aos desenhos que adora fazer, a garota quase nunca para quieta. Seu mundo é grande demais! E ela está prestes a começar os estudos em uma nova escola, com professores e colegas que até então não conhecia.
Quando Alvo e Ebony se encontram, uma jornada especial tem início na vida dos dois. Neste caminho, Alvo se dá conta de que o mundo é muito mais diverso do que ele imaginava e de que é possível "ver e enxergar" além das nossas próprias existências e com muito mais cores.
Após a história, o livro traz um glossário que não apenas elucida questões abordadas ao longo da narrativa, mas, principalmente, propõe um mergulho em tópicos muito importantes para refletirmos sobre um país que precisa ser mais justo e menos desigual.
Fabio Victor0.0 Com grande fôlego narrativo e acesso a amplo repertório de fontes inéditas, Fabio Victor reconstitui a atuação política dos militares desde a reabertura democrática até o Brasil de Bolsonaro.
As eleições de 2018 assistiram a uma crescente onda fardada: quase mil candidatos de diferentes patentes se lançaram ao pleito eleitoral, e 73 deles se elegeram aos parlamentos nacionais e estaduais. Desde então, graças à aliança entre o chefe do Executivo e representantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, a politização da caserna e a militarização da Esplanada deram-se em escala impressionante. Em precedente perigoso, oficiais exerceram cargos públicos enquanto ainda estavam na ativa, confundindo sua carreira de Estado com as funções no governo.
Longe de ser um fator recente, no entanto, a permanência dos fardados na arena política é algo que caracterizou nosso processo de redemocratização, e ajuda a explicar o atual estado de coisas. Com o processo de reabertura democrática, pautado por acordo vantajoso para as Forças Armadas, poucas medidas foram tomadas que limassem sua influência, e seus interesses foram em grande parte preservados.
Passando pelos governos de Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma, Temer até a ascensão de Bolsonaro, este livro urgente mostra como a questão militar ainda representa um dos maiores desafios para o equilíbrio das instituições em nossa sociedade.
Fabrício Corsaletti0.0 Apaixonados, engraçados, melancólicos, filosóficos e delirantes, os 56 sonetos deste Engenheiro fantasma configuram uma experiência singular no panorama da poesia brasileira. Neles, Fabrício Corsaletti, autor de Esquimó (Companhia das Letras, 2010, prêmio Bravo! de Literatura), veste a máscara de Bob Dylan e narra uma temporada de exílio voluntário que o genial letrista norte-americano teria supostamente vivido em Buenos Aires em algum período não-especificado deste século.
Bairros, bares, cafés, lojas, museus e uma profusão de personagens surgem e desaparecem como num truque de mágica ao longo dos 784 versos talhados com precisão de mestre. Há referências, claro, à poesia do compositor de “All Along the Watchtower”, mas menos do que se poderia supor. O que ocorre, de fato, é uma surpreendente mescla da voz dos dois poetas, gerando uma terceira ― a que registra essas aventuras portenhas desde já inesquecíveis.
Marcelo dSalete0.0 Em meados do século XIX, a população negra seguia construindo seus espaços na cidade de São Paulo. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos conseguira construir a Igreja do Rosário, e em torno dela promovia celebrações com grande presença africana. A área de matas conhecida como Campos do Bexiga, em torno do córrego Saracura, um refúgio para fugitivos da escravidão, já se transformava em base de uma comunidade negra. Graças ao trabalho escravo, o café enriquecia a cidade, mas nas fazendas surgiam mais e mais quilombos, mais e mais rebeliões…
Ainda que o poder estivesse totalmente nas mãos dos homens brancos (vários deles nem tão brancos assim…), nas ruas milhares de pessoas negras – escravizadas ou livres – trabalhavam em diferentes ofícios – carregadores, lavadeiras, quitandeiras e outros. Entre essas pessoas estava Tiodora, uma mulher escravizada que procura, através da palavra escrita, alcançar sua alforria. Este livro inspira-se nesse momento.
Paulo Scott0.0 Um romance impactante, sem paralelos na literatura contemporânea, sobre dois irmãos marcados pela discriminação racial no Brasil.
Os irmãos Federico e Lourenço são muito diferentes. Federico, um ano mais velho, é grande, calado e carrega uma raiva latente. Lourenço é bonito, joga basquete e é "muito gente boa". Federico é claro, "de cabelo lambido". Lourenço é preto. Filhos de pai preto, célebre diretor-geral do instituto de perícia do Rio Grande do Sul, eles crescem sob a pressão da discriminação racial. Lourenço tenta enfrentá-la com naturalidade, e Federico se torna um incansável ativista das questões raciais.
Federico, o narrador desta história, foi moldado na violência dos subúrbios de Porto Alegre. Carrega uma dor que vem da incompletude nas relações amorosas e, sobretudo, dos enfrentamentos raciais em que não conseguiu se posicionar como achava que deveria.
Agora, com 49 anos, é chamado para uma comissão em Brasília, instituída pelo novo governo, para discutir o preenchimento das cotas raciais nas universidades. Em meio a debates tensos e burocracias absurdas, ele se recorda de eventos traumáticos da infância e da juventude. E as lembranças, agora, voltam para acossá-lo.
Marrom e amarelo é um livro que retrata diferentes aspectos de um Brasil distópico, conflagrado, da inércia do comando político à crônica tensão racial de toda a sociedade. É um romance preciso, que nos faz mergulhar nos abismos expostos do país.
Regina Tchelly0.0 “A comida do futuro é agora! Transforme seu paladar, cuide da sua saúde e seu bolso agradece”, é o que afirma sabiamente Regina Tchelly, idealizadora do Favela Orgânica, projeto cujo objetivo é promover uma relação mais consciente com os alimentos e, com isso, evitar o desperdício.
Quem diria que com a casca de melancia é possível fazer uma deliciosa cocada? Ou que dos brócolis podemos extrair um palmito e fazer uma lasanha deliciosa? Em Receitas do Favela Orgâ aproveitamento integral de alimentos, a autora reúne receitas fáceis e saborosas, repletas de cores, sabores e, principalmente, de amor.
Dividido em seis blocos – Abóbora, Aipim, Banana, Brócolis, Feijão e arroz e Melancia –, Receitas do Favela Orgâ aproveitamento integral de alimentos apresenta preparos que servem como base para pratos surpreendentes.
Além de dicas valiosas que fazem a diferença na hora de pôr, literalmente, mãos na massa, o livro contempla seções com receitas para acompanhamento e de família. Contribuir para a mudança do mundo saboreando essas delícias é possível. Aproveite a vida e o que ela nos dá – da semente ao talo!
Cássio Pantaleoni0.0 Não podemos ignorar o impressionante impacto que a tecnologia digital causa em nós. Mas a sensação de que estamos no controle da evolução digital, em larga medida, está longe de ser legítima. Quando comparamos sistemas de IA com o modo como os humanos funcionam, é importante reparar não só nas diferenças, mas também no que há em comum. Com a IA e os algoritmos de otimização, o mundo digital torna-se o núcleo onde agora descobrimos novas oportunidades profissionais, novas relações, novas distrações e mundos que convém aos nossos interesses. Porém, tudo isto precisa ser reconsiderado à luz de um foco humanamente digital, ético e responsável. Falar de humanismo digital impõe pensar que, no núcleo desta dependência dos insumos que nós proporcionamos para a IA, residem as melhores possibilidades para encontrar soluções para os problemas que ameaçam a nossa espécie e, também, alguns riscos indeléveis, como a ameaça à democracia, à privacidade e ao futuro do trabalho.
Sergio Burgi0.0 Negro, [Walter] Firmo foi enviado inúmeras vezes por editores e chefes de redação a fotografar os grandes nomes da cultura negra brasileira, cuja visibilidade o racismo dominante tolerava, sobretudo na música ou no desporto. Firmo aproveitou todas essas oportunidades para construir um projeto de vida e de trabalho que induzisse, nas suas palavras, orgulho, altivez e dignidade aos negros brasileiros. exemplificando no seu fazer uma peculiar teoria da fotografia, que soube construir enquanto crítica da noção de realidade e objetividade fotográficas, combatendo qualquer pretensão de uma neutralidade fotográfica num mundo onde tão pouco a neutralidade existe. Em cada fotografia, Firmo convida o espectador à reflexão imediata sobre a realidade exibida e sobre o próprio ato de fotografar, consciente de que o poder do olhar deve influenciar as pessoas porque o ato de fotografar tem que ser político, e não um mero acaso instantâneo. [...] Toda a sua vida e todo o seu trabalho são um ensinamento único para aprendermos, através do seu olhar, a desajustar a realidade para reajustar o Brasil, JOÃO FERNANDES
Antonio Prata0.0 Por quem as panelas batem reúne crônicas políticas publicadas por Antonio Prata na Folha de S. Paulo de junho de 2013 a fins de 2021. "São instantâneos ou esquetes do desmantelo social e político da última década" que compõem uma espécie de "diário da queda", como define o autor. Em suas palavras, os textos trazem "um olhar pessoal, subjetivo, com todos os recortes, vantagens e limitações do ponto em que me encontro no tecido social".
Além da perspicácia inigualável para revelar as misérias de nossa experiência contemporânea, o autor mantém uma espécie de militância renitente em defesa da poesia do cotidiano e do maravilhoso potencial da sociedade brasileira. Em seus textos, oscila entre o pavor pessimista e o otimismo de acreditar que o descalabro representado pelo bolsonarismo é "o grunhido do velho mundo, agonizante, sendo arrastado para o passado". Relê-los em conjunto, e com o benefício do distanciamento temporal, é tão prazeroso quanto iluminador.
Emilia Nunez0.0 Ler para uma criança é uma declaração de amor e Doçura é uma afago, um carinho, uma homenagem a todos que se empenham nessa nobre missão, em especial as mães e professoras.
Жоао Жилберту Нолл0.0 Com contos inéditos e o fragmento de um romance inacabado, os textos de Educação natural tratam de temas caros ao autor, como o aspecto trágico da existência, as possibilidades de transfiguração do corpo e as questõs de gênero.
Educação natural, de João Gilberto Noll, é composto por textos inéditos do autor, falecido em 2017, encontrados em um arquivo de 26 contos e o fragmento de um romance inacabado. Os textos trazem situações bem caras à literatura de Noll, como o aspecto trágico da vida e as possibilidades de transfiguração do corpo, retratando de maneira poética personagens que estão sempre à deriva, desgarrados, esquecidos ou ansiosos por esquecer.
Em uma das narrativas, um homem entra na casa de uma mulher no meio da noite para reaver a memória de um amigo desaparecido; em outra, um homem atormentado agoniza no chão sujo de um banheiro público, enquanto rememora sua glória indesejada. Nestes textos póstumos, organizados por Edson Migracielo, tudo parece estar por um triz, entre o delírio e o prazer, entre a vida e a extinção.
Sobre a obra de Noll, Migracielo "não serão, precisamente, aquelas disposições — bizarras, vitais e insubmissas — as que devêm revolucionárias, as que despertam na cultura criações e produções que apontam para o que o mundo ainda não foi e desencadeiam, no mundo, o seu ainda?
Este volume, que reúne material inédito, mas conservado e organizado com primor para publicação, assim como a emersão de um romance infelizmente inacabado, supõe o exultante reencontro, talvez o último, com a literatura de um autor imprescindível e um pioneiro no trato das questões de gênero na literatura brasileira.
Karine Asth0.0 Casada há pouco tempo, Ana quer adiar a maternidade para cuidar de sua carreira como editora. Mas, quando se depara com a dificuldade de conceber, passa a enfrentar ressentimentos na relação com o marido que vão dar outro curso a sua vida. “De alguma forma, os últimos meses começam a me mostrar que o futuro tão certo e definido como eu costumava enxergar já não existe mais”. As palavras, na voz da personagem, traduzem a força narrativa em Dentro de nosso silêncio, primeiro romance de Karine Asth, e trazem o leitor para o redemoinho em que Ana se encontra ao ver crescer o silêncio na comunicação com Samuel. Diante do espectro da solidão em um casamento anteriormente harmônico, Ana viverá um percurso de autoconhecimento cheio de imprevistos.
Enquanto sua colega na oficina de escrita de ficção ministrada por Luiz Antonio de Assis Brasil, tive o privilégio de testemunhar a incansável tenacidade desta nova autora, e vi seu trabalho evoluir da concepção original até atingir a narrativa que nos envolve das primeiras às últimas páginas. Em uma Recife contemporânea, acompanhamos a trajetória de Ana depois de um divórcio, enquanto ela conta com a solidariedade de Maria, sua irmã mais velha, e de um pai amoroso que procura não ser intrusivo. Longe do vitimismo, o enredo flui entre passagens de tempo com originalidade estilística desvendando a intimidade de uma personagem que se depara com a dor da expectativa frustrada da maternidade, numa narrativa cheia de nuances entre o humor e a sensibilidade. Não é de admirar que a vida da autora também tenha mudado nos trazendo boas promessas para a literatura. Dentro de nosso silêncio fala de um drama humano com rara força narrativa e prosa poética.
Marcos Nobre0.0 As manifestações de Junho de 2013 inauguraram uma sequência de eventos que destroçou os pactos institucionais. O período de instabilidade política e econômica que se seguiu aos protestos, sacudido pela Lava Jato e pelo impeachment de Dilma Rousseff, desembocou na eleição de Bolsonaro e na transformação completa da paisagem política nacional. Eis o processo que Marcos Nobre retraça, disseca e explica neste livro luminoso e contundente.
Matthew Shirts, Greenpeace Brasil0.0 Com uma linguagem direta e descomplicada, este livro é um mergulho em assuntos da mais alta importância: a mudança climática e o aquecimento global -- e o que cada um de nós tem a ver com isso.
Se hoje sabemos que o aquecimento global é um fato e que uma mudança climática está em curso -- por isso mesmo, precisamos agir rápido para evitar que o pior ocorra --, é graças a uma longa história, protagonizada por cientistas e ativistas que vêm trabalhando ao longo de décadas para provar aos governos e à população em geral que a Terra está esquentando. Nós, além de responsáveis por isso, somos os únicos com o poder de mudar o curso dos acontecimentos.
Neste livro, o jornalista ambiental Matthew Shirts se debruça sobre a emergência climática, explicando com detalhes, gráficos e fotografias tudo o que permeia este assunto -- os desafios de um acordo global para combate ao aquecimento, o novo ativismo jovem que tem sido protagonista nesta luta, a importância do Brasil neste panorama e o que podemos esperar do futuro.
A coleção Tirando de Letra procura se aprofundar nos mais diversos temas contemporâneos, com muitas informações importantes, mas numa linguagem descomplicada e divertida, que atrai leitores de todas as idades.
Fernando Pessoa, Fernando0.0 Esta edicion critica de la poesia de Pessoa esta coordinada por Jose Augusto Seabra y colaboraron en el analisis de la obra los siguientes investigadores Onesimo Teotanio Almeida, Jose Blanco, Y.K. Centeno, Dalila Pereira da Costa, Adrien Roig, Antonio Quadros y Maria Helena da Rocha Pereira; asi mismo, colaboro un investigador de Brasil : Jose Edil; uno de Alves, y uno de Adrien Roig. Complementan la edicion una cronologia y una bibliografia del autor.
Paulo Fehlauer0.0 A linguagem como elemento fundamental da complexa anatomia de uma amizade é o pano de fundo deste romance, vencedor do VI Prêmio Cepe Nacional de Literatura. Ao desaparecer seu amigo de infância, o narrador mergulha nos rastros da amizade, na tentativa de desvendar a história por trás do mistério.
Мишелини Веруншк0.0 Neste romance embebido de lirismo, Micheliny Verunschk joga luz sobre a história de duas crianças indígenas raptadas no Brasil do século XIX.
Em 1817, Spix e Martius desembarcaram no Brasil com a missão de registrar suas impressões sobre o país. Três anos e 10 mil quilômetros depois, os exploradores voltaram a Munique trazendo consigo não apenas um extenso relato da viagem, mas também um menino e uma menina indígenas, que morreriam pouco tempo depois de chegar em solo europeu.
Em seu quinto romance, Micheliny Verunschk constrói uma poderosa narrativa que deixa de lado a historiografia hegemônica para dar protagonismo às crianças – batizadas aqui de Iñe-e e Juri – arrancadas de sua terra natal. Entrelaçando a trama do século XIX ao Brasil contemporâneo, somos apresentados também a Josefa, jovem que reconhece as lacunas de seu passado ao ver a imagem de Iñe-e em uma exposição.
Com uma prosa embebida de lirismo, este é um livro sem paralelos na literatura brasileira ao tratar de temas como memória, colonialismo e pertencimento.
"Um romance que expande as fronteiras da arte literária ao trazer memória, argumentos antropológicos e o melhor que a ficção pode nos oferecer." – Itamar Vieira Junior
As pedras de Luiza Romão têm a ver menos com as pedras no bolso de Virginia Woolf, e mais a ver com as pedras jogadas pelos palestinos em Sheikh Jarrah: um ato ao mesmo tempo concreto e simbólico, de autodefesa e resistência ao neocolonialismo. As pedras de Luiza têm mais a ver com a pedra de Drummond, a de João Cabral, a pedra das canções de protesto do Clã Nordestino, de Nina Simone, de Pete Seeger, de Barbara Dane e de Selda Bağcan.
Com “também guardamos pedras aqui”, Luiza Romão consegue inserir momentos de afago e restauro existencial, sem perder uma perspectiva crítica. Isso, em 2021, é tudo que a gente quer: seguir nos aperfeiçoando, nos aprimorando, como seres humanos e sujeitos políticos, e ao mesmo tempo sentir um pouco de prazer, um pouco de alívio, que carreguem nossas de baterias, para que possamos voltar à realidade, prontas para a luta. Um livro para ir redescobrindo, à medida que ele passa. Não tenho a menor dúvida disso.
Марселу Кинтанилья0.0 Mãe solteira, nascida e criada em uma comunidade uma comunidade do Estado do Rio, a enfermeira Márcia vem travando uma verdadeira batalha doméstica para disciplinar sua filha, a insubordinada Jaqueline. Apesar do auxílio de seu companheiro Aluísio, padrasto da garota, tudo parece inútil: Jaqueline não aceita se submeter a nada que a impeça de sair por aí e fazer o que quiser, sem dar satisfações a ninguém.
Porém, quando a jovem se vê envolvida até o pescoço com o crime organizado, Márcia estará disposta a chegar às últimas consequências para livrá-la dessa enrascada. Quer Jaqueline queira, quer não.
Лукас Мота0.0 Tudo que Nina Santteles — mercenária, queer, habitante do submundo — quer é resgatar o amor do filho adolescente e conseguir passagens só de ida para a colônia espacial Chang'e. Quando é detida pela polícia, recebe a oportunidade de capturar o hacker alvo da maior corporação-igreja do país em troca das tão desejadas vagas no paraíso.
Джефферсон Тенорио0.0 Um romance sobre identidade e as complexas relações raciais, sobre violência e negritude, O avesso da pele é uma obra contundente no panorama da nova ficção literária brasileira.
O avesso da pele é a história de Pedro, que, após a morte do pai, assassinado numa desastrosa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. Com uma narrativa sensível e por vezes brutal, Jeferson Tenório traz à superfície um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido, e um denso relato sobre as relações entre pais e filhos.
O que está em jogo é a vida de um homem abalado pelas inevitáveis fraturas existenciais da sua condição de negro em um país racista, um processo de dor, de acerto de contas, mas também de redenção, superação e liberdade. Com habilidade incomum para conceber e estruturar personagens e de lidar com as complexidades e pequenas tragédias das relações familiares, Jeferson Tenório se consolida como uma das vozes mais potentes e estilisticamente corajosas da literatura brasileira contemporânea.
"Não é de graça que Tenório, além de autor premiado, é tão bem acolhido pelo público e pela crítica. Ele não faz turismo, safári social, na desgraça geral do país, não faz da crítica à desigualdade um truque, um atalho apelativo e barato, panfletário, para ter mais aceitação, reconhecimento. Estamos diante de um escritor que, correndo todos os riscos, sabe arquitetar uma boa trama e encantar o leitor. Por muitas vezes durante a leitura eu disse para mim mesmo: como ele consegue construir personagens tão reais e fáceis de serem amados? Eu agradeço, a literatura brasileira agradece." – Paulo Scott
"Através de um profundo mergulho em seus personagens, O avesso da pele consegue abordar as questões centrais da sociedade brasileira. E o mais potente nisso tudo é que, aqui, o real e as reflexões partem sempre de dentro pra fora." – Geovani Martins
Анхелика Калил0.0 "Amigas que se encontraram na história” é um livro infanto-juvenil sobre a amizade entre mulheres que se destacaram na humanidade em diferentes tempos. A proposta é revelar um vínculo de afeto muitas vezes desconhecido pela maior parte do público e o legado que estas relações deixaram para o mundo.
Ao fabular essas histórias reais, a publicação joga luz na cumplicidade feminina, redimensionando a importância do apoio das mulheres umas às outras. Desta forma, também amplia o conceito de sororidade tão presente e importante para as meninas de hoje.
Мария Люсия Алвим0.0 “Batendo pasto” é o primeiro livro de poemas de Maria Lúcia Alvim (Araxá, MG, 1932) após 40 anos sem publicar inéditos (até o ano de 1980 ela teve 5 livros publicados). A chegada desta obra em 2020 se mostra como um verdadeiro acontecimento, pois é fruto de um trabalho conjunto que envolve descobertas, recuperação crítica e encontros fortuitos. Guilherme Gontijo Flores e Ricardo Domeneck foram os responsáveis por esse périplo em busca das publicações e informações sobre a poeta e, dentre algumas curiosidades, descobriram que ela compõe a tríade dos Alvins, uma vez que é irmã de outros dois grandes poetas: Francisco Alvim e Maria Ângela Alvim. Mas a grande surpresa seria mesmo esta: Maria Lúcia Alvim confiara ao poeta Paulo Henriques Britto, há algumas décadas, o manuscrito de “Batendo pasto”, de 1982, com a instrução de que fosse publicado apenas após a sua morte. Para nossa alegria, e através de um esforço de convencimento e reconhecimento em vida, temos este “Batendo pasto” finalmente entre nós. Maria Lúcia Alvim vive hoje em Juiz de Fora e completará seus 88 anos no dia 4 de outubro de 2020.
Андре Фрейтас, Омар Виньоле, Марсело Сарава, Дэйвисон Манес0.0 História acompanha uma polícia que investiga casos acontecidos em diferentes universos nas mais variadas mídias. A missão do grupo é investigar o assassinato de um desenhista cujos principais suspeitos são seus próprios personagens.
Самир Машадо де Машадо0.0 O autor vira de ponta-cabeça os clichês dos romances de aventura e ação, e reflete sobre temas como nostalgia, memória e nacionalismo. No início dos anos 1980, com o Brasil rumando para a abertura política, um industrialista constrói em segredo um parque de diversões. Batizado de Tupinilândia, o parque funcionaria como uma celebração do nacionalismo e da nova democracia que se aproximava. Todavia, durante um fim de semana em que se testavam as operações do parque, um grupo de militares invade o lugar e faz funcionários e visitantes de reféns. Duas décadas depois, um arqueólogo especialista em nostalgia, e desde a infância obcecado pelo mito de Tupinilândia, recebe autorização para mapear o local, que está prestes a ser alagado pela hidrelétrica de Belo Monte. Ao chegar com sua equipe, descobre um terrível segredo, e a partir daí as duas pontas do romance se unem numa aventura literária pelo passado recente do Brasil e pela memória dos anos 1980.
Бруно Паес Мансо0.0 Fabrício Queiroz, Adriano da Nóbrega, Ronnie Lessa. Os três foram protagonistas de uma forma violenta de gestão de território que tomou corpo nos últimos vinte anos e ganha neste livro um retrato por inteiro: as milícias. Dos esquadrões da morte formados nos anos 1960 ao domínio do tráfico nos anos 1980 e 1990, dos porões da ditadura militar às máfias de caça-níquel, da ascensão do modelo de negócios miliciano ao assassinato de Marielle Franco, este livro joga luz sobre uma face sombria da experiência nacional que passou ao centro do palco com a eleição de Jair Bolsonaro à presidência em 2018.
“Enquanto você lê este livro, a cada duas horas uma mulher é assassinada.”
É assim que a historiadora Mary del Priore começa Sobreviventes e guerreiras. Uma obra essencial para se entender o porquê de, até hoje, ser fundamental discutir e, principalmente, lutar pela igualdade de direitos para o gênero feminino. Apesar de o Brasil já até ter tido uma presidenta e de 45% dos lares serem comandados por mulheres (segundo pesquisa do IPEA de 2018), a brasileira continua sendo agredida, desqualificada, perseguida, insultada.
Vivemos uma época de transição onde o patriarcado e o machismo, raízes desses séculos de desigualdade, são combatidos pelo feminismo e pela cultura contemporânea. Mas, para que uma nova ordem social se torne realidade, é preciso procurar no passado as raízes deste poder dos homens sobre as mulheres e, sobretudo, aprender com elas como se fizeram ouvidas. A história mostra que a brasileira sempre procurou se reinventar, achar um espaço, resistir.
Este livro traz um ineditismo ao focar nessas vozes, apresentando a história da mulher brasileira 1500 a 2000. Das indígenas que os portugueses encontraram por aqui às afrodescendentes; daquelas que pegaram na enxada e viveram nos campos e cafezais às que trabalhavam na casa-grande como escravas, empregadas e amas de leite; das operárias e trabalhadoras às artistas de rádio, cinema e televisão; de Cláudia Lessin Rodrigues e Aída Curi à Daniella Perez e Marielle Franco; das feministas às homossexuais e integrantes do movimento LGBTQI+. Todas resistiram – e Mary del Priore apresenta suas vozes e como aprender com o exemplo delas.
Флавио Карнейро0.0 De escritor a personagem da sua própria palavra. É nessa inversão que Flávio Carneiro torna-se mediador de si mesmo em uma compilação de crônicas, escritas entre 2016 e 2018, nos apresentando, de forma leve e íntima, toda uma série de experiências que só acontecem pela sua ligação com a literatura. Histórias ao Redor é o livro convite de um escritor pela sua vivência literária ou pela interpretação que a literatura deu às coisas simples do cotidiano.
Жоао Луис Гимарайнш0.0 O livro Sagatrissuinorana é uma homenagem a João Guimarães Rosa que reconta a fábula dos Três Porquinhos, mas tendo como pano de fundo o rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho. O texto segue a sintaxe roseana, ao mesmo tempo em que não se furta a registrar criticamente duas das maiores tragédias socioambientais do país — e que tiveram as Minas Gerais como palco.
Afinal, o que fazer quando a realidade parece superar a ficção? Diante do devastador tsunami de lama ainda haveria a possibilidade de se temer o lobo? O simbólico e o real medem suas forças neste livro tão potente, com um final aberto a inúmeras interpretações
Моник Малчер0.0 Com sua prosa poética intensa, a autora passeia pelas ruas e pelas águas do Pará, trazendo à tona as dores de meninas, mães, avós. Três gerações de mulheres fortes, em 37 contos da autora paraense Monique Malcher.
“Monique não parece preocupada em desenvolver uma fórmula literária e sim, muito mais do que isso, produzir o gesto narrativo em seu ato contínuo, umedecido porque recém-saído do ventre.”
Paloma Franca Amorim, escritora paraense, no prefácio do livro
“Monique Malcher escreve o crescimento das mulheres resistentes. Desenha linhas de vidas que, sabemos, muitas vezes quase foram interrompidas; mas abre suas mãos e nos mostra uma transformação: a flor corajosa que se defende, reage, ataca.”
Jarid Arraes, escritora e editora de "Flor de gume" pelo selo Ferina, na apresentação do livro.
Наталья Боржес Полессо, Луиза Гейслер, Марсело Феррони, Самир Машадо де Машадо0.0 Primeiro, o uso de novos agrotóxicos sem os devidos testes. Depois, a reação inesperada com as larvas que eles deveriam dizimar. Não se sabe quem foi o primeiro infectado, apenas que o surto começou no Mato Grosso do Sul. São os chamados corpos secos: espectros humanos que não possuem mais atividade cerebral. Mas seus corpos ainda funcionam e anseiam por sangue. Seis meses depois, há poucos sobreviventes. Um jovem aparentemente imune à doença está sendo estudado por uma equipe médica e precisa ser protegido a qualquer custo; uma dona de casa vive em uma fazenda no interior do Brasil e se encontra sozinha precisando reagir para sair de seu isolamento; uma criança vê a mãe tentar de tudo para salvar a família e fugir do contágio; uma engenheira de alimentos percebe que seus conhecimentos técnicos talvez não sejam suficientes para explicar o terror que assola o país. Juntos, eles vão narrar suas jornadas, em busca do último refúgio ao sul do país. Escrito em conjunto por quatro autores, Corpos secos não é só um thriller, nem um romance-catástrofe. É uma narrativa sobre os limites da maldade humana, e as chances de redenção em meio ao caos.
Мурьятан С. Барбоза0.0 Resenha da Editora
O colonialismo não se ocupou apenas de territórios. Também se provou bastante eficaz em povoar as mentes. E, por causa da hegemonia europeia e branca, durante muito tempo soubemos pouco a respeito da produção intelectual nos países africanos. Terminado o período colonialista, demorou ainda muitos anos para passarmos a valorizar ― e a articular ― nomes fundamentais da filosofia e das ciências sociais daquele continente. Temas como nação, autonomia cultural, racismo, identidade e entendimento da questão negra perpassam o melhor pensamento vindo da África nos últimos dois séculos. E nos ajudam, latino-americanos e brasileiros, a ler com mais acuidade a nossa própria posição no Ocidente. É o que propõe este livro pioneiro, escrito com clareza exemplar pelo historiador Muryatan S. Barbosa; uma obra de síntese, abrangente e sofisticada, para ser lida por qualquer pessoa interessada na construção de um sistema intelectual original e inovador. O autor oferece um panorama claro e articulado (no percurso social e na história das ideias) sobre pensadores e conceitos que ajudaram a romper os grilhões da África. E do mundo inteiro
Sobre o Autor
Nasceu em 1977 em Lund, na Suécia. Historiador, é autor de Guerreiro Ramos e o personalismo negro. É professor da graduação e do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do ABC (UFABC).
Наталья Пастернак, Карлос Орси0.0 O simples fato de vivermos no século XXI já nos faz beneficiários da ciência e dos seus frutos, mesmo que a gente não se dê conta dessa verdade. Os objetos que nos dão conforto, que nos dão prazer, que nos transportam, que nos emocionam, que nos informam (até este livro) só existem da forma como existem por conta dos conhecimentos científicos. O cidadão que ignora fatos científicos básicos pode se tornar presa fácil de curandeiros e charlatões, gente que mente para os outros e, não raro, para si mesma.
Итамар Виейра Жуниор4.3 Um livro comovente que traz a herança dos clássicos. Bibiana e Belonísia são filhas de trabalhadores de uma fazenda no Sertão da Bahia, descendentes de escravos para quem a abolição nunca passou de uma data marcada no calendário. Intrigadas com uma mala misteriosa sob a cama da avó, pagam o atrevimento de lhe pôr a mão com um acidente que mudará para sempre as suas vidas, tornando-as tão dependentes que uma será até a voz da outra. Porém, com o avançar dos anos, a proximidade vai desfazer-se com a perspectiva que cada uma tem sobre o que as rodeia: enquanto Belonísia parece satisfeita com o trabalho na fazenda e os encantos do pai, Zeca Chapéu Grande, entre velas, incensos e ladainhas, Bibiana percebe desde cedo a injustiça da servidão que há três décadas é imposta à família e decide lutar pelo direito à terra e a emancipação dos trabalhadores. Para isso, porém, é obrigada a partir, separando-se da irmã.Numa trama tecida de segredos antigos que têm quase sempre mulheres por protagonistas, e à sombra de desigualdades que se estendem até hoje no Brasil, Torto Arado é um romance polifónico belo e comovente que conta uma história de vida e morte, combate e redenção, de personagens que atravessaram o tempo sem nunca conseguirem sair do anonimato.
Леонардо Чалуб0.0 Brasil, 1667. O jovem Francisco, capturado quando criança e entregue à Igreja, vive como coroinha em Porto Calvo e sonha com a liberdade. Ágil e silencioso, explora o vilarejo à noite, pregando peças, vingando os negros mortos no tronco e aterrorizando feitores e senhores de engenho como um fantasma – ou como um nzumbi, em quimbundo, a língua típica de Angola.
Até que surge uma oportunidade de fuga, e Francisco a aproveita, dando início a sua jornada para se tornar quem a história não esqueceria: Zumbi dos Palmares, filho de Angola Janga.
Palmares de Zumbi apresenta uma releitura da saga de um dos maiores heróis negros do Brasil, lançando uma nova luz sobre esse grande homem – guerreiro, capoeirista, rei –, mas também sobre um Palmares que não o seria se não fosse por Zumbi. Uma homenagem ao herói, narrada com paixão e reverência à cultura da capoeira e ao líder quilombola.
Сида Педроса0.0 A obra consegue chamar a atenção pelas repetições, sugerindo a urgência e desespero da voz poética em ser compreendida e, ao mesmo tempo, as distorções e agrupamentos das palavras expressando a dificuldade de dizer aquilo que se quer com exatidão, mas sempre difícil, sempre escorregadio, sempre inexato. A musicalidade do poema é um grande elemento de destaque, sobretudo quando se lê em voz alta. No entanto, toda a estrutura visual é igualmente importante e se afasta do pertencimento a uma “tradição” da poesia oral e performática à qual a poetisa Cida Pedrosa se vinculava.
Вагнер Виллиан0.0 Em 1845 o escritor norte-americano Henry David Thoreau retirou-se para a floresta, onde ergueu, com as próprias mãos, sua nova casa e a mobília, com o intuito de viver com o mínimo necessário e em total contato com a natureza. O que o moveu foi a necessidade de procurar entender as mudanças pela qual a sociedade da época passava, bem como investigar as necessidades essenciais da vida.
Não se isolou, porém, da sociedade. Recebia visitas enquanto passava dois anos em contato absoluto com a natureza e seus livros, refletindo sobre a liberdade e a existência, que começava a assumir um ritmo acelerado nas cidades com a industrialização e urbanização crescentes. O resultado desta experiência social e espiritual a partir da autossuficiência tornou-se público com Walden, ou A Vida nos Bosques, manifesto poético que o autor publicou em 1854.
Em 2019, Wagner Willian, premiado autor de obras magistrais como Bulldogma, Martírio de Joana Dark Side e O Maestro, o Cuco e a Lenda deixou a casa de Thoreau com novas considerações. Entrando para o time de grandes autores da DarkSide Books, o quadrinista brasileiro entrega aos leitores uma obra de arte imersiva e reflexiva, ao mesmo tempo orgânica e visceral.
Em Silvestre, acompanhamos a jornada de um velho caçador que atravessa e dialoga com lendas sobre divindades extintas, mergulhando na relação entre o homem e a natureza, e o respeito sobre o que a terra pode nos dar e o que somos capazes de oferecer. No isolamento de sua cabana, ele assa uma torta. Seu aroma cruza a memória, as paredes, a floresta, atraindo animais silvestres e criaturas fantásticas em um grande resgate ao convívio humano, digno de uma celebração selvagem e ritualística
“Quando voltei a seguir este raro animal, a maneira como o concebia havia mudado, o mundo a minha volta também. Foi preciso encarar sua narrativa como um caderno de viagens ou sketchbook para gravar seu rastro e a animalidade em volta sem perdê-los de vista, usando do lápis, do nanquim, do óleo, do óxido de ferro, o diabo que fosse, para tentar compreender sua forma”, explica Willian.
Silvestre, lançamento da DarkSide Books em seu selo DarkSide Graphic Novel — inteiramente dedicado ao melhor da arte sequencial —, chega para os leitores em dezembro com quase duzentas páginas em capa dura, luva e aquele acabamento especial que os amantes da nona arte já conhecem e admiram.
A DarkSide Graphic Novel é uma expansão do universo fantástico e sombrio da editora, lar de Danilo Beyruth, autor de Samurai Shirô, Wesley Rodrigues, criador de Imaginário Coletivo, Pablo Auladell, Dave McKean, Loputyn, Emily Carroll, Charles Burns, entre outros. Se você é apaixonado por histórias em quadrinhos, prepare-se para se surpreender novamente — quem aposta no escuro com a DarkSide costuma virar fã.
Лаурентино Гомес0.0 Maior território escravista do hemisfério ocidental, o Brasil recebeu cerca de 5 milhões de cativos africanos, 40% do total de 12,5 milhões embarcados para a América ao longo de três séculos e meio. Como resultado, o país tem hoje a maior população negra do planeta, com exceção apenas da Nigéria. Foi também, entre os países do Novo Mundo, o que mais tempo resistiu a acabar com o tráfico de pessoas e o último a abolir o cativeiro, por meio da Lei Áurea de 1888 — quatro anos depois de Porto Rico e dois depois de Cuba.
Nenhum outro assunto é tão importante e tão definidor da nossa identidade nacional quanto a escravidão. Conhecê-lo ajuda a explicar o que fomos no passado, o que somos hoje e também o que seremos daqui para a frente. Em um texto emocionante e rigorosamente documentado, Laurentino Gomes lança o primeiro volume de sua nova trilogia, resultado de 6 anos de pesquisas, que incluíram viagens por 12 países e 3 continentes.
Тельма Гуимараес0.0 Ideal para leitura mediada ou para o leitor iniciante graças à letra bastão, ao ritmo, ao humor e à relação com os tradicionais gêneros infantis da adivinha e da parlenda, Cadê o livro que estava aqui? mistura brincadeira e literatura na medida certa. A cada virada de página, o pequeno leitor é convidado a procurar os bichos fujões e a descobrir onde o livro foi parar.
Джамиля Рибейро0.0 Onze lições breves para entender as origens do racismo e como combatê-lo.
Neste pequeno manual, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em onze capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas.
Já há muitos anos se solidifica a percepção de que o racismo está arraigado em nossa sociedade, criando desigualdades e abismos sociais: trata-se de um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato de vontade de um sujeito.
Reconhecer as raízes e o impacto do racismo pode ser paralisante. Afinal, como enfrentar um monstro desse tamanho? Djamila Ribeiro argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.
Гай Перельмутер0.0 Inteligência Artificial, Robótica, Internet das Coisas, Nanotecnologia, Biotecnologia, Veículos Autônomos, Impressão 3D, Realidade Virtual...o mundo está passando, mais uma vez, por mudanças importantes graças aos avanços tecnológicos acumulados ao longo de milhares de anos. Esse livro discute o conjunto das tecnologias que vão definir as próximas décadas do mundo moderno, apresentando os temas de forma não-técnica, com foco nos impactos gerados na sociedade e nos negócios, bem como nos principais personagens por trás destes avanços ao longo da História. Prefácio, por Arminio Fraga Neto (economista e ex-presidente do Banco Central do Brasil)
Нелида Пиньон0.0 A língua portuguesa numa escrita luminosa, num livro de memórias na linha de Livro das Horas. Uma narrativa de impressões sobre a vida e a morte, sobre as relações humanas, o amor, a paixão, a pertença, num exercício literário de rara beleza.
Uma Furtiva Lágrima reúne pensamentos, reflexões, memórias, aforismos e confissões.
Сида Педроса0.0 A obra consegue chamar a atenção pelas repetições, sugerindo a urgência e desespero da voz poética em ser compreendida e, ao mesmo tempo, as distorções e agrupamentos das palavras expressando a dificuldade de dizer aquilo que se quer com exatidão, mas sempre difícil, sempre escorregadio, sempre inexato. A musicalidade do poema é um grande elemento de destaque, sobretudo quando se lê em voz alta. No entanto, toda a estrutura visual é igualmente importante e se afasta do pertencimento a uma “tradição” da poesia oral e performática à qual a poetisa Cida Pedrosa se vinculava.
Отавио Жуниор0.0 What do you see from your window? This #OwnVoices picture book from Brazil offers a first-hand view of what children growing up in the favelas of Rio de Janiero see everyday. A vibrant and diverse celebration of urban community living, brought to life by unique, colorful illustrations that juxtapose brick buildings with lush jungle plants.
Карла Бесса0.0 “A verdade é que estão se devorando uns aos outros. E depois nós é que somos os abutres, nós os fatídicos, os mau-agourentos, o ser humano é um bicho estranho mesmo. A nós deixam o trabalho de livrá-los de seus próprios restos. Deviam nos agradecer. Desta vez demos cabo de tudo rapidamente, afinal, era tão pequeno o manjar, terminamos sem deixar resquícios, raspamos o prato, como eles dizem, cientes da importância do nosso trabalho. Pois se estamos no fim da cadeia, também fechamos um círculo, somos: recomeço.” CARLA BESSA é tradutora literária e escritora, autora de “Aí eu fiquei sem esse filho” (2017).
Raphael Montes3.5 Victoria Bravo tinha quatro anos quando um homem invadiu sua casa e matou sua família a facadas, pichando seus rostos com tinta preta. Única sobrevivente, ela agora é uma jovem solitária e tímida, com pesadelos frequentes e sérias dificuldades para se relacionar. Seu refúgio é ficar em casa e observar a vida alheia pelas janelas do apartamento onde mora, na Lapa, Rio de Janeiro.
Mas o passado bate à sua porta, e ela não sabe mais em quem pode confiar. Um psiquiatra, um amigo feito pela internet e um possível namorado — qual dos três homens está usando tudo o que sabe para aterrorizar a vida de Vic? E o que afinal ele quer com ela?
Ренато Лесса0.0 Nossa República pela ótica dos principais economistas, cientistas sociais e advogados do Brasil
No dia 15 de novembro de 1889, no Campo de Santana, no centro do Rio de Janeiro, o marechal Deodoro proclamava o início da nossa República. Éramos à época um país que havia abolido a escravidão recentemente, com a população de apenas 14 milhões de habitantes, dos quais 82% eram analfabetos e 90% viviam em áreas rurais. Agora, em 2019, com 208 milhões de habitantes, somos uma sociedade majoritariamente urbana, com 7% da população analfabeta, mas ainda repleta de contrastes sociais, com índices de desenvolvimento muitas vezes inferiores aos alcançados por países com trajetórias semelhantes à nossa.
Para analisar essa história, 39 pensadores brasileiros identificam os desafios, avanços e retrocessos da nossa República em textos curtos que levantam as principais questões dos nossos últimos 130 anos. Cada capítulo do livro cobre uma década e é composto por três textos: um sobre sociedade e política, outro sobre Estado e direito, e outro sobre governo e economia.
Seguindo os pontos de vista particulares dos autores, diferentes e complementares entre si, cabe ao leitor juntar as peças do mosaico apresentado para entender o processo que culminou com a República como a conhecemos em 2019 e os desafios que se anunciam para o futuro.
Гома Официна0.0 Ao falar do Paraguai muitos brasileiros associam imediatamente o país a ideias como contrabando, produtos falsificados e também à Guerra da Tríplice Aliança. No Brasil, pouco se sabe sobre a realidade desse vizinho, que tem belas paisagens, uma cultura bem característica e uma população de cerca de 6,5 milhões de pessoas que falam as duas línguas oficiais, espanhol e guarani. O livro Arquiteturas contemporâneas no Paraguai, tenta desconstruir esse imaginário preconceituoso e negativo ao revelar a riqueza e inventividade das construções contemporâneas realizadas por uma nova geração de arquitetos paraguaios. Também se propõe a fazer uma análise da história do país e do seu desenvolvimento, muito marcado pela influência de sucessivos governos brasileiros. A publicação bilíngue (português-espanhol) apresenta uma seleção de obras marcadas pela experimentação construtiva e muita criatividade, utilizando materiais básicos: tijolos, concreto e vidro. Com apenas esses recursos, as obras de arquitetos como Solano Benitez e Javier Corvalan têm alcançado grande destaque na arquitetura mundial. Com textos críticos e uma seleção de 29 obras, o livro, organizado pela Goma Oficina, propõe um novo olhar ao país, seu território e cidades, abordagem que pode ajudar muito a pensar o futuro (e presente) das cidades brasileiras, já que toda essa geração de profissionais vem encontrando soluções criativas aos desafios sociais e urbanos locais. Podem ser também referências para a solução dos problemas urbanos do Brasil, em geral muito semelhantes.
Тьяго Ферро0.0 Estreia de uma das mais novas e marcantes vozes da literatura brasileira, este é um romance comovente e aterrador. O que acontece quando uma menina de oito anos, inteligente e amorosa, morre subitamente? O romance de Tiago Ferro tenta compreender os ecos dessa devastação na vida do pai. Gestado a partir de uma tragédia vivenciada pelo autor em 2016, o livro não se restringe ao inventário doloroso dessa perda indizível, mas discute temas como memória, sexualidade, humor, confissão e fabulação. Um livro comovente e aterrador.
Жозелия Агиар0.0 Um dos mais populares autores de todos os tempos, Jorge Amado foi lido com igual satisfação nos cinco continentes. Marcou não só as letras latino-americanas, mas também a politica, os costumes, a TV e o cinema nacional. A primeira, mais completa e atualizada biografia do grande escritor brasileiro Jorge Amado (1912-2001), com acesso exclusivo a documentos de família e cartas de parentes, amigos e outros escritores, além de exaustivas entrevistas e pesquisas no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos, o livro retraça a vida emocionante de um dos mais populares escritores universais do século XX. Autor de clássicos brasileiros como Capitães da Areia, Jubiabá, Tieta do Agreste e Gabriela, Cravo e Canela, com livros que se tornaram sucesso do cinema e da TV, Jorge tem aqui sua vida - de homem, escritor, político, celebridade - recontada com elegância, precisão e fluência quase romanesca.
Хильда Машадо0.0 Quantos poetas passam pela vida sem jamais publicar um livro? Quantos poemas escritos nunca chegam aos leitores?
Hilda Machado, pesquisadora e cineasta nascida no Rio de Janeiro em 1951 e falecida em 2007, foi professora na Universidade Federal Fluminense, com passagens por universidades estrangeiras, e diretora premiada em festivais de cinema nacionais. Paralelamente, desenvolveu um trabalho poético de dicção muito pessoal, entre o melancólico e o autoirônico, de teor fortemente visual e que parece assumir a montagem cinematográfica como procedimento poético por excelência - "Discreta voyeuse/ o sofá combinando com o tom das exegeses/ a polidez dos móveis, avencas, decassílabos, filmes russos/ perífrases sobre paninhos de crochê/ e em vez de carne poemas no congelador".
Em vida, Hilda Machado publicou apenas dois poemas. Deixou, porém, além de manuscritos esparsos, este Nuvens, que ela mesma organizou e chegou a registrar na Biblioteca Nacional, claro sinal de que considerava publicá-lo um dia. É o que agora se realiza, graças à colaboração de Angela Machado, irmã da autora, e ao empenho do poeta Ricardo Domeneck, que assina o texto de apresentação do volume.
Хулиан Фукс0.0 “Meu irmão é adotado, mas não posso e não quero dizer que meu irmão é adotado”, anuncia, logo no início, o narrador deste romance. O leitor se descobre de partida imerso numa memória pessoal que se revela também social e política. Do drama de um país, a Argentina a partir do golpe de 1976, desenvolve-se a história de uma família, num retrato denso e emocionante.
Adotado por um casal de intelectuais que logo iriam buscar o exílio no Brasil, o menino cresce, ganha irmãos, e as relações familiares se tornam complexas. Cabe então ao irmão mais novo o exame desse passado e, mais importante, a reescritura do próprio enredo familiar.
Um livro em que emoção e inteligência andam de mãos dadas, tocando o coração e a cabeça dos leitores.
Маркус Накагава0.0 Como colocar a sustentabilidade no meu dia a dia? Quais ações posso colocar em prática para melhorar o mundo?
Depois de anos ouvindo essas perguntas praticamente todos os dias, Marcus Nakagawa reuniu o conhecimento que acumulou ao longo de sua rica experiência na área da sustentabilidade e criou 101 ações palpáveis para mudar o mundo. As ações, baseadas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, englobam atividades que crianças, jovens e adultos podem implementar em sua rotina, inclusive em família! Com um pouco de interesse e dedicação, juntos, podemos fazer a diferença! E aí, preparados para começar?
Педро Феррейра де Соуза0.0 A história de desigualdade, de Pedro Ferreira de Souza, é uma história dos ricos. Faz sentido olhar para o topo: uma parte imensa da renda está lá. Por essa razão, flutuação na renda dos ricos tem um peso desproporcional na evolução da distribuição total. Quando a concentração é muito alta, os ricos conduzem a dança. Conduze, mas não ditam como deve ser o baile.
Este livro encaixa uma peça importante no quebra-cabeça da história econômica brasileira. Com ele, aprendemos sobre quem ganhou mais e quem ganhou menos em quase um século de desenvolvimento. Trata-se do resultado de um trabalho cauteloso, que envolveu uma coleta de dados atenta, selecionou as informações mais precisas e usou as melhores ferramentas, a fim de apresentar a série histórica mais longa e completa sobre a desigualdade no Brasil.
Иваир Гонтижо0.0 Ivair Gontijo nasceu em Moema, no interior de Minas Gerais. Filho de uma família numerosa, viu uma televisão pela primeira vez em 1969, durante a transmissão da chegada do homem à Lua. Esse fato marcaria a sua vida e serviria de inspiração ao longo de toda a sua carreira. Depois de se formar num colégio agrícola, foi trabalhar na Fazenda Água Branca, que ficava a 100km da cidade mais próxima e não tinha luz elétrica. Viveu alguns anos isolado como um astronauta no espaço. A despeito do ceticismo dos colegas da fazenda, pediu demissão e se matriculou num cursinho pré-vestibular. Queria estudar física na UFMG, a Universidade Federal de Minas Gerais. Passou, se formou e logo entrou para o mestrado em óptica na mesma instituição. A partir daí, construiu uma promissora carreira acadêmica. Fez o doutorado em optoeletrônica no departamento de engenharia elétrica da Universidade de Glasgow, na Escócia, e dois pós-docs: um na Universidade Heriot-Watt, em Edimburgo, e outro na UCLA, a Universidade da Califórnia em Los Angeles. Depois disso fixou residência nos Estados Unidos e trabalhou com fibra ótica numa empresa de tecnologia e fabricando lentes para cirurgias de catarata. Bateu várias vezes na porta da NASA até conseguir uma vaga no JPL e trabalhar no radar do veículo Curiosity. Atualmente mora em Los Angeles com a esposa.
Фернанда Янг0.0 Em sua primeira obra de não ficção, Fernanda Young se insere no acalorado debate sobre o que significa ser homem e ser mulher hoje. Em textos autobiográficos, ela se revela como uma das tantas personagens femininas às quais deu voz, sempre independentes e a quem a inadequação é um sentimento intrínseco. E esse constante deslocamento faz com que Fernanda seja capaz de observar o feminino e o masculino em todas as suas potencialidades. É daí que surge o Pós-F, pós-feminismo e pós-Fernanda, um relato sincero sobre uma vida livre de estigmas calcada na sobrevivência definitiva do amor, no respeito inquestionável ao outro e na sustentação do próprio desejo. No livro, que é ilustrado com desenhos da autora, Fernanda oferece sua visão de mundo na tentativa de superar polarizações e construir algo maior, em que caibam todos os gêneros.
Карол Бенсимон0.0 Em um cenário formado por coníferas milenares, estradas sinuosas e falésias, a região californiana do Triângulo da Esmeralda concentra a maior produção de maconha dos Estados Unidos. É lá que o jovem professor brasileiro Arthur busca recomeçar a vida, depois dos acontecimentos que o levaram a deixar Porto Alegre. Aos poucos, ele se insere na dinâmica local e passa a fazer parte de uma história que começa com a contracultura dos anos 1960 e se estende até o presente.
À vida de Arthur e daqueles com quem estabelece vínculos - o atormentado Dusk, a solitária Sylvia, a indecisa Tamara - mistura-se a de personagens reais que participaram do embate que levou à descriminalização do uso da maconha, fazendo deste um poderoso romance panorâmico. Cruzando história e ficção, com uma linguagem original e ousada, a meio caminho entre Brasil e Estados Unidos, Carol Bensimon compõe em O clube dos jardineiros de fumaça um brilhante retrato da geração hippie e de seu legado.
Маилсон Фуртадо Виана0.0 Vencedor do Prêmio Jabuti 2018 - Livro do Ano Com elementos geográficos, históricos, sociológicos, políticos, físicos, metafísicos, folcloristas, genealógicos, à cidade é um poema que vem apresentar de forma contemporânea uma visão de uma cidade do sertão, com plano de fundo para aquelas banhadas ou mudadas indiretamente pelo caminhar do Rio Acaraú na Zona Norte do estado cearense. O poema mistura a vida do autor e suas gerações à vida construída por um povo migrante há mais de três séculos. Nele a cidade se constrói, se destrói, se remonta, se inventa e reinventa e ganha inúmeras significações do que pode ser. O poema apresenta uma estética com influências de vários movimentos modernos e pós-modernos do século XX: o concretismo, neoconcretismo, rimas incertas, além da ausência de pontuação gráfica, influência vinda da poesia oriental. Os versos misturam a influência científica adquirida pelo autor em livros e bancos universitários e a sua influência coloquial, cabocla, conquistada por ser parte agricultor, parte pescador e por inteiro residente do sertão inventado pelo Acaraú. à cidade vem instigar o leitor à pesquisa, ao conhecer, ao buscar termos, citações sobre o ambiente que tomou por base, o sertão Norte do Ceará, entre o litoral extremo-oeste, a serra da Ibiapaba, a Meruoca e das Matas. à cidade vem assim, apresentar uma faceta do que é ser cearense, aquele/este do interior da cidade.
Марсело Д'салете0.0 Angola Janga, “pequena Angola” ou, como dizem os livros de história, Palmares. Por mais de cem anos, foi como um reino africano dentro da América do Sul. E, apesar do nome, não tão pequeno: Macaco, a capital de Angola Janga, tinha uma população equivalente a das maiores cidades brasileiras da época.
Formada no fim do século XVI, em Pernambuco, a partir dos mocambos criados por fugitivos da escravidão, Angola Janga cresceu, organizou-se e resistiu aos ataques dos militares holandeses e das forças coloniais portuguesas. Tornou-se o grande alvo do ódio dos colonizadores e um símbolo de liberdade para os escravizados. Seu maior líder, Zumbi, virou lenda e inspirou a criação do Dia da Consciência Negra.
Durante onze anos, Marcelo D’Salete, autor de Encruzilhada e do sucesso internacional Cumbe, pesquisou e preparou-se para contar a história dessa rebelião que tornou-se nação, referência maior da luta contra a opressão e o racismo no Brasil. O resultado é um épico no qual o destino do país é decidido em batalhas sangrentas, mas que demonstra a delicada flexibilidade da resistência às derrotas.
Um grandioso romance histórico em quadrinhos que fala de Zumbi, e de vários outros personagens complexos como Ganga Zumba, Domingos Jorge Velho, Ganga Zona e diversos homens e mulheres que compõe o retrato de um momento definidor do Brasil.
Фернанда Торрес0.0 O público brasileiro acostumou-se a ver Fernanda Torres no cinema, no teatro ou na televisão. Em filmes premiados, novelas ou séries globais, ela se firmou como uma das mais versáteis atrizes brasileiras, capaz de atuar num arco dramático que vai da comédia escrachada ao denso drama psicológico.
Em anos recentes, Fernanda começou a atuar na imprensa, em colunas no jornal Folha de S.Paulo, na Veja Rio e em colaborações para a revista piauí. Com Fim, seu primeiro romance, ela consolida sua transição para o universo das letras e mostra que nesse âmbito é uma artista tão completa quanto no palco ou diante das câmeras.
O livro focaliza a história de um grupo de cinco amigos cariocas. Eles rememoram as passagens marcantes de suas vidas: festas, casamentos, separações, manias, inibições, arrependimentos.
Álvaro vive sozinho, passa o tempo de médico em médico e não suporta a ex-mulher. Sílvio é um junkie que não larga os excessos de droga e sexo nem na velhice. Ribeiro é um rato de praia atlético que ganhou sobrevida sexual com o Viagra. Neto é o careta da turma, marido fiel até os últimos dias. E Ciro, o Don Juan invejado por todos - mas o primeiro a morrer, abatido por um câncer.
São figuras muito diferentes, mas que partilham não apenas o fato de estar no extremo da vida, como também a limitação de horizontes. Sucesso na carreira, realização pessoal e serenidade estão fora de questão - ninguém parece ser capaz de colher, no fim das contas, mais do que um inventário de frustrações.
Ao redor deles pairam mulheres neuróticas, amargas, sedutoras, desencanadas, descartadas, conformadas. Paira também um padre em crise com a própria vocação e um séquito de tipos cariocas frutos da arguta capacidade de observação da autora.
Há graça, sexo, sol e praia nas páginas de Fim. Mas elas também são cheias de resignação e cobertas por uma tinta de melancolia.
Humor sem superficialidade, lirismo sem cafonice, complexidade sem afetação, densidade sem chatice: de que mais precisa um romance para dizer a que veio?
Дидье Диас де Мораэс0.0 Na década de 1970, o mercado de livros didáticos experimentou um crescimento vertiginoso no Brasil, em um contexto de expansão tanto do ensino como da indústria cultural. O cenário, que também era de acirramento da concorrência, naturalmente teve impacto sobre a configuração material e visual dos livros.
Didier Dias de Moraes concentra-se particularmente no design de capas, que além de identificar e proteger as obras passavam a ter a função de atrair e persuadir o público a adotá-las. Havia, porém, um descompasso entre a visualidade do livro escolar e as linguagens visuais de outros meios.
Como contraponto a essa realidade, o autor estuda o caso da editora Ática (que na década de 1980 se tornaria a maior editora brasileira em títulos e faturamento) e a renovação visual que ela promoveu por meio do trabalho dos designers Ary Normanha e Mario Cafiero.
Фернандо Габейра0.0 O que aconteceu com a jovem democracia brasileira nos últimos 30 anos? Em que encruzilhada nos metemos? Que país surgirá depois dos escombros de 2016?
Democracia tropical nasceu das anotações de Fernando Gabeira sobre o caminho percorrido pela democracia brasileira desde o movimento Diretas Já até os dias de hoje.
Esta narrativa, ilustrada com fotos memoráveis, traz o Gabeira personagem da história, contando e refletindo sobre o que viu e viveu ao longo de sua trajetória como jornalista, ativista e político.
Entremeados a esses apontamentos, os artigos que ele escreveu sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff ajudam a entender os fatos que marcaram 2016, um ano que certamente entrará para a história como um dos mais difíceis do país.
Seja em seu caderno de anotações, seja nos artigos, Gabeira nunca se atém a um único tema, num constante exercício de ir e vir no tempo e enxergar o que um fato mais esconde do que revela.
Nos apontamentos, se lembra da resistência à ditadura, do exílio, do retorno ao Brasil, das Diretas, de sua vida como deputado. Já nos artigos dá conta do ritmo alucinante com que nossas mazelas foram expostas ao longo de 2016, com o sistema político derretendo enquanto a Lava Jato desvendava a corrupção endêmica.
Em meio a tudo isso, revisita antigas utopias e vasculha na memória os sinais da catástrofe que hoje nos toma de assalto. Democracia tropical é um livro para quem deseja pensar e aperfeiçoar o Brasil.
Родольфо Ногуэйра0.0 Em nosso território existiram diversos dinossauros, dos pequeninos e mais antigos conhecidos, como o Pampadromeus e Saturnalia, que viveram há 230 milhões de anos, a gigantes titanossauros como o Austroposeidon e Uberabatitan, no final da grande Era, cerca de 70 milhões de anos atrás.
Em cemitérios pré-históricos espalhados por todo o Brasil, cerca de outras 35 espécies já conhecidas tiveram seus esqueletos fossilizados, hoje tesouros descobertos por paleontólogos brasileiros.
O livro foi escrito pelo professor de paleontologia Luiz Eduardo Anelli e contou com ilustrações do paleoartista Rodolfo Nogueira, o livro conta com 132 páginas e apresenta ilustrações de 25 das 40 espécies nomeadas no Brasil até o momento.
Силвиану Сантьягу0.0 Rio de Janeiro, começo do século XX. Viúvo e solitário, Machado de Assis sofre fortes dores e crises nervosas enquanto testemunha a modernização da antiga cidade do Rio de Janeiro. Em Mário de Alencar, filho de José de Alencar, o presidente da Academia Brasileira de Letras encontrará um precioso interlocutor, que também sofre terríveis crises nervosas e o encaminhará ao dr. Miguel Couto. Qual é a relação entre as convulsões de Machado e sua genial criação?
Depois de narrar passagens inauditas das vidas de Graciliano Ramos e Antonin Artaud, Silviano Santiago oferece uma perspectiva totalmente original e audaciosa dos últimos anos de vida de um dos maiores romancistas de todos os tempos.
Гидалти Моура0.0 Inspirado no conto Adolescendo Solar, de Luizan Pinheiro, o romance gráfico Castanha do Pará reconta, em forme de fábula, uma situação cada vez mais comum nos dias de hoje; Castanha é um menino-urubu que vive suas aventuras pelos cenários do tradicional mercado público Ver-o-Peso, em Belém. Mora sob o céu aberto e sobrevive dos furtos e das migalhas de atenção que sobram do mundo ao seu redor. O romance gráfico de estreia de Gidalti Moura Jr. abusa da expressividade na pintura para dar a vida a este conto urbano, criando uma visão lúdica e ritmada para a poesia da dura realidade.
Raduan Nassar0.0 'O corpo antes da roupa', afirma o personagem de 'Um copo de cólera' ao narrar o que acontece numa manhã qualquer, depois de uma noite de amor, quando a aparente harmonia entre ele e sua parceira se rompe de repente. Tensa, contundente, a linguagem de 'Um copo de cólera' alcança tal intensidade e vibração que faz desta narrativa uma obra singular da literatura brasileira, um clássico dos nossos tempos.
Роберта Падуан0.0 Um retrato da crise da maior empresa do Brasil que explica como a estatal que já foi um espelho do país se tornou sinônimo de roubo em grande escala.
Fruto de um trabalho extenso de pesquisa e apuração, Petrobras: Uma história de orgulho e vergonha narra como, ao longo de sua existência, a estatal foi cenário de vários casos de mau uso político e desvio de verbas, até se tornar totalmente refém de um esquema de corrupção bilionário.
Roberta Paduan, ex-repórter e editora da revista Exame, revê a cronologia do escândalo do Petrolão através de histórias chocantes de bastidores e com informações acessíveis, ajudando o leitor a compreender a magnitude dos danos e seus desdobramentos. A Operação Lava-Jato surge como fio condutor nos principais momentos, e forma um retrato revelador da derrocada de um dos maiores símbolos do Brasil
Жан-Клод Альфен0.0 Adélia mora em uma casa no campo. Durante o dia, ela brinca com seus irmãos, mas à noite, quando todos estão dormindo, acontece algo bem estranho… Adélia se enche de coragem e, sozinha, percorre um longo caminho até chegar ao local que guarda aquilo que mais ama os livros e sua nova amiga. O pulo do gato: Adélia é uma terna homenagem aos livros, à infância e à amizade. Com humor e lirismo, a narrativa traduz a tênue fronteira que as crianças estabelecem entre o mundo real e a fantasia. Noite e dia, busca e encontro são marcados pela paleta dos cinzas em vários tons, sempre em contraposição à cor branca. A leveza e afetividade da personagem é representada pela cor rosa que o traço livre do autor preenche de expressividade.
Фелипе Салто0.0 O livro que explica por que a política fiscal do governo PT quebrou o Brasil e mostra soluções para o país retomar o rumo da estabilidade e do crescimento. Finanças públicas reúnem grandes nomes da área econômica. Os organizadores e Felipe Salto, assessor econômico de José Serra e colunista do jornal Valor Econômico, e Mansueto Almeida, secretário de Acompanhamento Econômico no Ministério da Fazenda do governo Michel Temer, além dos autores Pedro Jucá Maciel, Mailson da Nóbrega, Gustavo Loyola, Marcos Mendes, Sérgio Praça, Maurício Oreng, entre outros, analisam a história econômica do Brasil e propõe soluções para os problemas crônicos do país, intensificados nos governos Lula e Dilma, como inflação, dívida externa e alta taxa de juros interna. Entre as soluções apontadas, estão a estabilidade monetária e uma agenda da responsabilidade fiscal. Os artigos têm rigoroso embasamento histórico e técnico, com linguagem clara para todos os tipos de leitores.
Марилена Чауи0.0 Marilena Chaui, intelectual pública e uma das grandes filósofas de sua geração, completa agora o percurso iniciado com o estudo da ideia espinosana de imanência, obra que causou grande repercussão e debate quando publicada, em 1999.
Hoje, filósofos, psicanalistas e neurobiologistas voltam-se para a filosofia de Espinosa para redescobrir um pensamento que enfrentou de modo certeiro questões retomadas no presente. Neste segundo volume, Chaui lida com a questão da liberdade em Espinosa - tema que nos interpela talvez mais que qualquer outro em
sua filosofia - e procura demonstrar que a necessidade incondicionada da potência infinita da Natureza, da qual somos uma expressão, é a condição da liberdade humana
Клаудио Анджело0.0 Por que o Ártico e a Antártida estão derretendo? Esse é um processo natural do planeta ou está sendo acelerado pela atividade humana? E por que isso é um problema para nós? A busca por essas respostas fez o jornalista Claudio Angelo viajar aos extremos da Terra e conversar com cientistas, ativistas, moradores de zonas vulneráveis, políticos e até os ditos “céticos” do clima. Com a curiosidade de um detetive e o rigor de um cientista, o autor nos apresenta um trabalho de imenso fôlego, que investiga não só o impacto do homem na natureza, mas também as vastas implicações sociais, econômicas e culturais que o aquecimento pode trazer às nossas vidas.
Паула Рамос0.0 O livro aborda a história da Livraria do Globo a partir de sua produção gráfica, enfatizando os artistas ilustradores que trabalharam na legendária Seção de Desenho da empresa, na primeira metade dos século XX, sob a gerência do designer alemão Ernst Zeuner (1895 1967). Entre eles, alguns dos principais nomes do cenário artístico local: Sotero Cosme (1905 1978), João Fahrion (1898 1970), Edgar Koetz (1914 1969), Nelson Boeira Faedrich (1912 1994), João Faria Viana (1905 1975), João Mottini (1923 1990) e Vitório Gheno (1923). Esses artistas criavam capas, ilustrações, vinhetas, identidades visuais, num trânsito entre artes visuais, artes gráficas e design. Suas imagens, de grafismo irreverente, forte apelo cromático e composições que dialogam com a linguagem dos cartazes, exalam frescor e modernidade e estão entre as mais arrojadas do período, indicando que a modernidade visual iniciou, no Rio Grande do Sul, pela imagem impressa.
Хулиан Фукс0.0 “Meu irmão é adotado, mas não posso e não quero dizer que meu irmão é adotado”, anuncia, logo no início, o narrador deste romance. O leitor se descobre de partida imerso numa memória pessoal que se revela também social e política. Do drama de um país, a Argentina a partir do golpe de 1976, desenvolve-se a história de uma família, num retrato denso e emocionante.
Adotado por um casal de intelectuais que logo iriam buscar o exílio no Brasil, o menino cresce, ganha irmãos, e as relações familiares se tornam complexas. Cabe então ao irmão mais novo o exame desse passado e, mais importante, a reescritura do próprio enredo familiar.
Um livro em que emoção e inteligência andam de mãos dadas, tocando o coração e a cabeça dos leitores.
Наталья Боржес Полессо0.0 Seria pouco dizer que os contos de Amora versam sobre relações homossexuais entre mulheres. Também estão aqui o maravilhamento, o estupor e o medo das descobertas. O encontro consigo mesmo, sobretudo quando ele ocorre fora dos padrões, pode trazer desafios ou tornar impossível seguir sem transformação. É necessário avançar, explorar o desconhecido, desestabilizar as estruturas para chegar, enfim, ao sossego de quem vive com honestidade.
Марсело Годой0.0 Este é um trabalho único, daqueles livros obrigatórios que de tempos em tempos ajudam a entender melhor as agruras do país em que vivemos.
O jornalista Marcelo Godoy, que construiu nos últimos 25 anos uma respeitadíssima reputação nas redações de grandes publicações, dedicou-se por uma década à mais ingrata das tarefas da profissão: fazer falar quem passou a vida se escondendo.
Godoy ouviu alguns dos mais ativos agentes da repressão da ditadura militar para contar a história do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) de São Paulo. Criado a partir de uma operação semiclandestina instituída pelo governo, a Oban (Operação Bandeirantes), o DOI-Codi se transformou rapidamente, no início dos anos 1970, no instrumento do regime de exceção para combater as organizações de esquerda.
Inicialmente, o alvo foi os grupos que optaram pela luta armada. A doutrina do combate à guerra revolucionária mobilizava os militares no Ocidente do pós-guerra, somada a elementos apreendidos da experiência francesa na Argélia, inspirou a criação do órgão que juntou policiais civis ligados ao Esquadrão da Morte com militares que viam, como primeiro objetivo, eliminar os inimigos.
Essa lógica de investigação policial aliada a práticas e hierarquias militares resultou numa máquina de tortura e morte que ultrapassou qualquer limite de humanidade.
Além de mais de duas dezenas de entrevistas com homens – e mulheres – que defendiam o regime, Godoy também realizou uma dedicada leitura dos principais livros e teses acadêmicas sobre a repressão, o que lhe permitiu compreender, como nunca havia sido feito, documentos inéditos que mostram as engrenagens do DOI-Codi paulista e sua articulação com o sistema de informação e repressão da ditadura.
O aniquilamento de grupos guerrilheiros como Molipo e ALN encontra, neste livro, sua mais completa e detalhada descrição. Alguns dos crimes mais violentos da repressão também são elucidados.
Ou seja, este livro é imprescindível para que o país se reencontre com sua história e memória.
Мария Валерия Резенде0.0 Quarenta dias no deserto, quarenta anos. É o que diz (ou escreve) Alice, a narradora de 'Quarenta dias', romance de Maria Valéria Rezende, ao anotar num caderno escolar pautado, com a imagem da boneca Barbie na capa, seu mergulho gradual em dias de desespero, perdida numa periferia empobrecida que ela não conhece, à procura de um rapaz que ela não sabe ao certo se existe. Alice é uma professora aposentada, que mantinha uma vida pacata em João Pessoa até ser obrigada pela filha a deixar tudo para trás e se mudar para Porto Alegre. Mas uma reviravolta familiar a deixa abandonada à própria sorte, numa cidade que lhe é estranha, e impossibilitada de voltar ao antigo lar. Ao saber que Cícero Araújo, filho de uma conhecida da Paraíba, desapareceu em algum lugar dali, ela se lança numa busca frenética, que a levará às raias da insanidade. 'Eu não contava mais horas nem dias', escreve Alice em 'Quarenta dias', um relato emocionante e profundo. 'Guiavam-me o amanhecer e o entardecer, a chuva, o frio, o sol, a fome que se resolvia com qualquer coisa, não mais de dez reais por dia (...)'. Onde andaria o filho de Socorro? A que bando estranho se havia juntado, em que praça ficara esquecido?
Дермевал Савиани0.0 Da abertura do 4º Seminário Nacional do Histedbr à abertura da 36ª Reunião Nacional da ANPEd
Os capítulos que compõem este livro foram escritos em diferentes oportunidades cobrindo um período que se estende de 1997 a 2013. Embora versem sobre temas variados, todos os trabalhos mantêm em comum a referência à história da educação, tendo sido escritos e pronunciados na condição de conferências de abertura de eventos dessa área. Justifica-se, assim, literalmente, o título Aberturas para a história da educação atribuído ao presente livro. Mas, além dessa justificativa de ordem etimológica, o título também evoca uma semântica particular, pois indica que os educadores, se quiserem compreender a fundo o significado radical de seu ofício, devem abrir-se sem reservas para a história da educação. Nessa condição poderão intervir com propriedade e conhecimento de causa no debate sobre a construção do sistema nacional de educação no Brasil.
Виктор Герингер0.0 Com um misto de humor e ironia quase machadianos, Glória narra a saga da família Costa e Oliveira e as aventuras e desventuras dos irmãos Abel, Daniel e Benjamim – um pastor, um burguês e um artista, cuja principal herança paterna foi deixá-los prontos para nunca perder uma piada. O amplo repertório de recursos estilísticos exibidos pelo autor – com algumas piscadelas cúmplices ao leitor mais erudito –, bem como o variado leque de referências mais do que literárias, aqui estão a serviço de uma prosa fluente e saborosa, narrada com o gosto de quem sabe contar uma boa história. Nessa ponte entre o século XIX e o XXI, a (meta)ficção de Victor Heringer, de Machado à internet, passando pelo café Aleph e suas figuras virtuais, vem trazer um vigoroso sopro de renovação à literatura brasileira atual. Quem ler verá.
Эвандро Аффонсо Феррейра0.0 A obsessão com a originalidade da linguagem sempre foi uma marca registrada de Evandro Affonso Ferreira, cuja literatura, iniciada em 2000 com o elogiado Grogotó, chegou a ser comparada à de Guimarães Rosa. Mas agora, aos 66 anos e em seu sexto livro, o escritor está mais reflexivo. Deixou de lado o cuidado excessivo com a forma, mas sem abrir mão da musicalidade, do cuidado com as palavras, da concisão — o que já vinha fazendo desde seu romance anterior, Minha mãe se matou sem dizer adeus, vencedor do Prêmio APCA de melhor romance de 2010 e finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti de 2011.
Neste belo e devastador O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam, o autor volta a abordar temas “tenebrosos”, como solidão, loucura, decrepitude, morte. Por trás do longo título está a história de um homem culto, profundo conhecedor da obra do filósofo holandês, que, depois de ser abandonado por sua amada, perdeu a razão e transformou-se em um morador de rua. Um romance “niilista-lírico”, como define o próprio autor, em que ele abre mão do parágrafo, apresentando-o de um fôlego, valendo-se com habilidade do fluxo de consciência.
Há dez anos vagueando pelas ruas do centro de uma metrópole à procura de coincidências poéticas que lhe aplaquem tristeza, dor e solidão, um homem atormentado experimenta a proximidade dolorosa do mundo enquanto espera o retorno de sua amada — a que lhe deixou bilhete dizendo “ACABOU-SE; ADEUS”.
Seu mantra, ladainha ou refrão, repetido incansavelmente, “ELA VIRÁ— EU SEI”, impulsiona-o a seguir adiante mesmo que não haja um rumo certo. Sem poder nomeá-la ou mesmo ancorá-la em algum porto seguro nos seus pensamentos, escreve a lápis em todos os espaços vazios da cidade a letra N, inicial do nome da amada, e lança desafio aos deuses do esquecimento trazendo o tempo todo à memória os momentos de intimidade afetiva e intelectual vividos ao lado dela.
Levando consigo os Adágios de Erasmo de Rotterdam, esse mendigo erudito conhece tudo sobre vida e obra do humanista holandês — sim, o mesmo do Elogio da loucura. E narra o tempo todo sua história a um interlocutor-escritor imaginário, a quem chama de “senhor”. Ambos, narrador e interlocutor, estão debaixo de um viaduto entre tantos outros personagens-mendigos, que de miseráveis anônimos e insólitos se transformam em criaturas extraordinárias na imaginação do mendigo-poeta, como a “mulher-molusco” e o “menino borboleta”.
Бруно Барретто Гомид0.0 A presença de alguns escritores russos na literatura e na vida literária brasileira é analisada por Bruno Barreto Gomide neste livro. A recepção da literatura russa entre nós é estudada a partir de dois eixos: pesquisa documental da recepção crítica do romance russo e estudo da vasta bibliografia comparatista que lida com outros casos de recepção da literatura russa no Ocidente; ambos mediados pelas discussões específicas fornecidas pela crítica literária e pela historiografia da cultura brasileira. Os primeiros textos que utilizavam os romancistas russos como contraponto a questões literárias candentes no Brasil datam da segunda metade da década de 1880; já o final da década de 1930 marca um momento em que tais discussões perdem sua força e deixam de ser relevantes para a crítica. O trabalho inédito é resultado de extensa pesquisa em periódicos e livros publicados entre 1887 e 1936, e conta com um anexo que reproduz algumas fontes significativas, privilegiando as de mais difícil acesso.
Фернандо Серапиа0.0 Para comemorar os 50 anos de atividade no Brasil, o escritório de arquitetura Aflalo & Gasperini reuniu a história dos seus cinco sócios e 60 anos de produção deste livro.
O livro enfoca três temas principais – Forma, Técnica e Método -, separados por capítulos. Cada um deles apresenta uma abordagem central para a compreensão do trabalho da equipe. As obras dos arquitetos são pinçadas de forma atemporal, conforme se enquadram na narrativa, sem seguir um roteiro cronológico. No capítulo Forma, é estabelecida uma discussão em torno da estética, em que são relacionadas as direções dentro do âmbito arquitetônico que reverberam na produção de Croce, Aflalo & Gasperini até os dias de hoje. São mencionadas as influências mais antigas – como, por exemplo, da arquitetura orgânica e teuto-americana – até as mais recentes, inspiradas na cena atual, dominada por Frank Gehry e Rem Koolhaas. O capítulo Técnica explica como o saber arquitetônico permeia a produção deste quinteto.
Марина Коласанти0.0 "Antes de Virar Gigante" é o título de um poema e é uma condição. Todos fomos pequenos um dia, e olhamos para o alto para o alto para falar com os adultos. Dia a dia essa distância diminui, e afinal nos tornamos grandes e começamos a abaixar a cabeça para dois olhares. Há textos que foram escritos para as crianças, outros que nasceram destinados aos adultos mas falam para qualquer idade. São poesias e contos, crônicas e trechos de livros, escolhidos para colher o leitor que se desloca no crescimento e ajudá-lo a vivenciar esse percurso.
Сержио Бритто0.0 'O Teatro & Eu' faz um passeio pela trajetória de Sergio Britto nos palcos, em épocas distintas da história cultural brasileira. Tendo o teatro como protagonista, Britto flerta com outras manifestações e instituições de arte, como cinema, literatura, museus e óperas, sem deixar de lado os olhares e as experiências adquiridas com as viagens que fez mundo afora. O livro apresenta, ainda, os bastidores de companhias e empreendimentos artísticos, como Teatro do Estudante, Teatro Universitário, Teatro dos Doze, Teatro dos Sete, Grande Teatro, Teatro Brasileiro de Comédia, Teatro dos Quatro, Teatro Senac, Teatro Delfim, além dos teatros do CCBB.
Лаурентино Гомес0.0 Quem observasse o Brasil em 1822 teria razões de sobra para duvidar da sua viabilidade como nação independente e soberana. De cada três brasileiros, dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. O medo de uma rebelião dos cativos tirava o sono à minoria branca. O analfabetismo era geral. O isolamento e as rivalidades entre as diversas províncias prenunciavam uma guerra civil e, para piorar a situação, ao voltar para Portugal, D. João VI deixara os cofres nacionais vazios. O novo país nascia falido. As perspectivas de fracasso pareciam bem maiores do que as de sucesso.
Nesta nova obra, o autor de 1808 - sobre a fuga da família real para o Rio de Janeiro -, mostra como o Brasil, que tinha tudo para não resultar, até resultou, numa notável combinação de sorte, improviso, acasos e também de sabedoria das lideranças responsáveis pela condução dos destinos do novo país, naquele momento de grandes sonhos e muitos perigos.
Алоисио Кабальзар0.0 Manejo do Mundo é assunto abrangente. São vivências cotidianas e rituais das comunidades ao longo do ciclo anual, no manejo apropriado dos peixes, animais da terra, aves, insetos, das atividades da agricultura, pesca, caça e coleta, das doenças de cada tempo. Esse livro reúne vinte e dois textos sobre conhecimentos indígenas e pesquisas interculturais a respeito do tema, no alto rio Negro (Brasil e Colômbia).
Андре Невес0.0 Quando o sol acorda no céu das savanas, uma luz fina se espalha sobre a vegetação escura e rasteira. O dia aquece, enquanto os homens lavram a terra e as mulheres cuidam dos afazeres domésticos e das crianças. Ao anoitecer, tudo volta a se encher de vazio, e o silêncio negro se transforma num ótimo companheiro para compartilhar boas histórias.
Эдни Сильвестре0.0 Numa pequena cidade da antiga zona do café fluminense, em abril de 1961, dois meninos de 12 anos encontram o corpo de uma linda mulher, que foi morta e mutilada, às margens de um lago onde vão fazer gazeta. Eles não aceitam a explicação oficial do crime, segundo a qual o culpado seria o marido, o dentista da cidadezinha, motivado por ciúme. Começam uma investigação ajudados por um velho que mora no asilo da cidade, um ex-preso político da ditadura Vargas. Para os meninos, um terrível caminho de amadurecimento e chegada à vida adulta.
Ondjaki0.0 As obras do Mausoléu que irá albergar os restos mortais do presidente da República estão quase a terminar. Os habitantes do bairro vizinho descobrem que as suas casas serão destruídas porque o espaço circundante ao monumento será requalificado. Duas crianças decidem explodir o Mausoléu e assim poupar o bairro onde sempre viveram. Entretanto o responsável pela obra, um soviético, apaixona-se pela avó de uma das crianças. Entretanto essa avó tem de ser operada para lhe amputarem um dedo do pé. Entretanto existe uma outra avó que aparece muito mas não existe. Entretanto o plano das crianças falha, mas o Mausoléu é destruído¿
Лира Нето0.0 Nesta biografia o autor se debruça sobre a vida do mais amado e controvertido líder religioso que o Brasil já teve: Cícero Romão Batista, o "Padim Ciço" dos romeiros e fiéis.
Baseado em documentos raros e inéditos, o autor reconta, com riqueza de detalhes, os noventa anos de vida do sacerdote, desde seu nascimento no sertão cearense até a consagração como líder popular. Santo para alguns, impostor para outros, nesta biografia o padre Cícero é alvo de um olhar preciso, que desfaz equívocos históricos e ajuda a enxergar o homem por trás do mito.
Organizado em ordem cronológica, o livro é dividido em duas partes, que exploram diferentes momentos da vida de Cícero. Em A Cruz, o foco está na religião: a ordenação como padre, os supostos milagres, os primeiros conflitos com o bispado cearense, que chegaram ao Vaticano e culminaram em seu afastamento da Igreja. Em A Espada, o que fica em primeiro plano é a política, carreira que Cícero abraçou depois de proibido de ordenar - e que fez dele um dos homens mais influentes de seu tempo. Depois de lutar pela emancipação de Juazeiro, cidade da qual foi prefeito por quase vinte anos, Cícero elegeu-se vice-presidente (o equivalente a vice-governador) do estado do Ceará. Chegou a apadrinhar um exército de jagunços, numa revolução armada que levou à derrubada do governo local; aproximou-se de Lampião, de quem buscava apoio para combater a Coluna Prestes; arquitetou um pacto histórico entre os coronéis sertanejos, que ajudou a apaziguar a região e fez de Juazeiro o centro das aristocracias rurais do Ceará. Já perto do fim da vida foi eleito deputado federal, e ainda encontrou forças para fazer oposição a Getúlio Vargas, a quem classificava de "mensageiro do Satanás".
É sobre essa vida rica e atribulada que se debruça Cícero. Em um momento em que, acuada diante do avanço evangélico, a Igreja Católica avalia a reabilitação canônica do padre, esta biografia permite compreender a verdadeira dimensão de um dos personagens mais fascinantes da nossa história - e também resgata algumas das inquietações políticas e sociais que ajudaram a moldar o Brasil do século XX.
Chico Buarque0.0 Um homem muito velho está num leito de hospital. Membro de uma tradicional família brasileira, ele desfia, num monólogo dirigido à filha, às enfermeiras e a quem quiser ouvir, a história de sua linhagem desde os ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senador da Primeira República, até o tataraneto, garotão do Rio de Janeiro atual. A fala desarticulada do ancião cria dúvidas e suspenses que prendem o leitor. O discurso da personagem parece espontâneo, mas o escritor domina com mão firme as associações livres, as falsidades e os não ditos, de modo que o leitor pode ler nas entrelinhas, partilhando a ironia do autor, verdades que a personagem não consegue enfrentar. Tudo, neste texto, é conciso e preciso; como num quebra-cabeça bem concebido, nenhum elemento é supérfluo.
Percorre todo o livro a paixão mal vivida e mal compreendida do narrador por uma
mulher. Os múltiplos traços de Matilde, seu "olhar em pingue-pongue", suas corridas a cavalo ou na praia, suas danças, seus vestidos espalhafatosos, ao mesmo tempo que determinam a paixão do marido e impregnam indelevelmente sua lembrança, ocasionam a infelicidade de ambos. Embora vista de forma indireta e em breves flashes Matilde se torna, também para o leitor, inesquecível.
Outras figuras, fixadas a partir de mínimos traços, circulam pela memória do protagonista: o arrogante engenheiro francês Dubosc; a mãe do narrador, que, de tão reprimida e repressora, "toca" piano sem emitir nenhum som; a namorada do garotão com seus piercings e gírias. É espantoso como tantas personagens ganham vida neste breve romance. Leite derramado é obra de um escritor em plena posse de seu talento e de sua linguagem.
Мария Рита Кель0.0 Obra vencedora do prêmio Jabuti de Melhor Livro do Ano de Não Ficção em 2010.
A psicanalista e escritora Maria Rita Kehl parte da suposição de que a depressão é um sintoma social contemporâneo para desenvolver os três ensaios que compõem o livro: O tempo e o cão, a atualidade das depressões. Escrito a partir de experiências e reflexões sobre o contato com pacientes depressivos, o livro aborda um tema que, apesar de muito comentado, é pouco compreendido e menos ainda aceito atualmente.
Para abordá-lo, Maria Rita faz um apanhado do lugar simbólico ocupado melancolia, desde a Antigüidade clássica até meados do século XX, quando Freud trouxe esse significante do campo das representações estéticas para o da clínica psicanalítica. Para ela: "Freud privatizou o conceito de melancolia; seu antigo lugar de sintoma social retornou sob o nome de depressão."
O livro toca também na relação subjetiva dos depressivos com o tempo, chamado pela autora de temporalidade. Para a construção deste pensamento, são utilizados conceitos dos filósofos Henry Bergson e Walter Benjamin, ambos dedicados à reflexão sobre essa questão.
A clínica das depressões do ponto de vista da psicanálise está presente no terceiro ensaio, a começar pelo estabelecimento das distinções fundamentais entre a depressão e a melancolia. Aqui, a autora busca estabelecer as diferenças entre a posição subjetiva dos depressivos e as circunstâncias que determinam episódios pontuais de depressão nos obsessivos e nos histéricos.
Reconhecida pela longa e compromissada trajetória profissional, Maria Rita Kehl lança seu segundo livro pela Boitempo Editorial. Acessível e profundo, O tempo e o cão desperta o interesse não somente daqueles que têm relação direta com a psicanálise, mas também de quem deseja compreender a fundo a ação dos mecanismos sociais sobre a subjetividade humana.
Нельсон Круз0.0 Vô João gosta de contar histórias aos netos. Suas preferidas são aquelas de quando ainda era jovem e vivia na Itália. Lá, aprendeu carpintaria com Gepeto e acompanhou a prova dos sapatinhos de cristal de Cinderela. Certo dia, decidiu emigrar para o Brasil atrás de Cosme Zanone, um amigo fotógrafo que desapareceu nas matas tropicais. É o neto que relata a vida de João, que se estabeleceu no sul de Minas, e de Camilo Amarante Lobo, pintor enigmático que se apartou da sociedade.
Moacyr Scliar0.0 Num congresso de estudos bíblicos, um famoso professor e sua rival evocam, em momentos diferentes, duas figuras singulares; o jovem Shelá e a mulher por quem ele está apaixonado, Tamar. Os dois vão narrar, de pontos de vista distintos, uma intriga passional que mostra quatro homens e uma mulher às voltas com costumes ancestrais que até hoje governam boa parte da população de nosso mundo e que são fonte de conflitos e tragédias. O primeiro filho de Judá, Er, casa-se com Tamar. Como não a engravida, é castigado por Deus com a morte. De acordo com a tradição, compete ao segundo filho, Onan, assumir o papel do falecido; Onan se recusa a cumprir sua missão por considerá-la humilhante, optando por derramar seu sêmen sobre a terra para que a esposa não conceba herdeiros - e Deus também o pune com a morte. Resta Shelá, que o pai não quer entregar a Tamar por temer que o rapaz tenha o mesmo destino dos irmãos. Desqualificada e privada de filhos, Tamar recorre a um ardil que se tornaria lendário e que, recontado aqui na chave do humor, torna-se inesquecível.
Родриго Ласерда0.0 Rodrigo Lacerda narra neste livro a passagem de Pedro para a vida adulta. O adolescente descobre que a vida pode não ser tão doce quanto a primeira paixão, e encontra na literatura um caminho para buscar suas respostas. Mas o que torna 'O Fazedor de Velhos' uma novidade do gênero é sua capacidade de reavivar a ternura e o afeto como sentimentos que também participam do processo de amadurecimento. Neste romance de iniciação, Rodrigo traça o retrato de um artista quando jovem. O personagem Pedro tem dúvidas sobre seus caminhos, o que o leva a pensar em desistir da faculdade de História. Eis que conhece Nabuco, um professor que o auxilia na difícil tarefa de se colocar no mundo. E por meio dos livros conhecerá a si mesmo. Sobretudo quando aparece Mayumi, por quem sentirá uma nova forma de amor.
Элис Руис0.0 Alguns livros são oportunos, outros poucos, desejáveis. Raros são absolutamente indispensáveis. É o que se dá com está publicação. Reúne toda a poesia publicada por Alice Ruiz S durante a década de 1980. A poeta paranaense é hoje uma figura pública, reverenciada por onde passa, ministrando suas oficinas poéticas ou apresentando seus poemas na companhia de cantoras populares. Sempre encantadora, a poeta seduz qualquer platéia com suas performances delicadas e com suas aulas inspiradas e motivadoras. Poucos fazem tanto, no Brasil de hoje, para cativar e formar o público para a sempre minoritária e difícil arte da poesia quanto Alice Ruiz S. Mas o mesmo público que a poeta faz se aproximar da poesia sente enorme dificuldade em encontrar os seus poemas, pois suas obras estão há muito esgotadas e muitas delas jamais foram reeditadas. Este livro vem corrigir esta lacuna.
A década de 1980, na poesia brasileira, foi um período de superação do espontaneísmo exacerbado da "geração mimeógrafo" ou da "Poesia Marginal" que surgiu com força na década anterior. Algumas características muito férteis da poesia dos anos 1970, como a criatividade, o humor e a inventividade veloz, são articulados a um maior rigor formal e conceitual aprendido principalmente com a "Poesia Concreta" paulistana. Poetas como Sebastião Uchoa Leite, Paulo Leminski, Antonio Risério, Caetano Veloso, Glauco Mattoso e Alice Ruiz S, cada um a seu modo, efetuaram está síntese feliz.
Neste Dois em Um podemos observar nitidamente está síntese sendo construída por Alice Ruiz S durante toda a década. Nos poemas mais antigos como os de Até 79 e nos de seu livro de estréia, Navalhanaliga, a poeta oscila entre os poemas engajados repletos de intertextualidade paródica, bem a gosto da Poesia Marginal, como "Drumundana" e poemas com uma organização visual claramente inspirada na Poesia Concreta, como "Bem que eu vi". Nestes textos do inicio da década, em que o teor feminista é mais presente, a poeta ainda oscila entre os dois pólos, mas já encontramos momentos de síntese perfeita, como em "nada na barriga/navalha na liga/valha".
Ванесса Барбара0.0 A jovem escritora Vanessa Barbara faz sua estreia editorial com um surpreendente livro-reportagem sobre a rodoviária do Tietê, em São Paulo. Primeira obra jornalística no catálogo da Cosac Naify, O livro amarelo do terminal empreende uma viagem singular ao que seria uma "versão condensada do mundo", como diz João Moreira Salles na orelha da edição. Valendo-se de recursos narrativos variados, que vão da reportagem clássica ao humor nonsense, o olhar arguto da escritora pinça, em meio ao tumulto, os tipos que passam por lá todos os dias - vendedores, crianças, velhinhas, surfistas -, e registra "uma história oral" do lugar a partir dos fragmentos de conversas colhidas ao acaso. Essa polifonia aparece também no projeto gráfico do livro. Suas páginas amarelas, de gramatura mais fina, brincam com a transparência e a sobreposição parcial das letras. Já os capítulos de cunho mais histórico são impressos em papel semelhante ao carbono, como os dos bilhetes de ônibus. O escritor Antonio Prata atesta: "Vanessa Barbara é a melhor escritora que eu conheço." Agora, é a vez do leitor se surpreender com seu talento.
Мариса Лайоло0.0 Escrito a muitas mãos - por professores e pesquisadores de diferentes instituições brasileiras - este livro, como seu título sugere, dedica um capítulo a cada título infantil do escritor, acompanhando a cronologia de lançamento de suas primeiras edições. Abrem o livro discussões breves sobre linguagem, imagens, ilustrações e práticas editoriais do escritor.
Кристован Тецца0.0 Em "O Filho Eterno", Tezza expõe as dificuldades, inúmeras, e as saborosas pequenas vitórias de criar um filho com síndrome de Down. Aproveita as questões que aparecem pelo caminho nestes 26 anos de seu filho Felipe para reordenar sua própria vida: a experimentação da vida em comunidade quando adolescente, a vida como ilegal na Alemanha para ganhar dinheiro, as dificuldades de escritor com trinta e poucos anos e alguns livros na gaveta, a pretensa estabilidade com o cargo de professor em universidade pública.
Жоэль Руфино душ Сантуш0.0 Uma novela de amor, sangue e subversão numa trama diabólica. Um morro do Rio de Janeiro, uma barbearia, um sargendo de polícia, um vendedor ambulante de origem judaica, uma mulher negociada por dois homens, um embrulho de jornal misterioso. Esta novela - uma das melhores de Joel Rufino dos Santos - se passa no final da Segunda Guerra Mundial (939-45). O nazismo seria derrotado. A ditadura brasileira do Estado Novo (1937-45) seria derrotada. Era uma época de esperança na paz mundial. Ninguém sofreria mais por pertencer a raças diferentes, professar religião diferente, sentir ou pensar diferente. A Palestina seria repartida entre judeus entre judeus e não-judeus. Era uma esperança. Não foi uma realidade. Gente continuou a sofrer pelas mesmas razões de antes. Mas continuou, também, a ter, como sempre, desejo de amar, criar filhos, sonhar com o futuro.
Игнасио де Лойола Брандао0.0 O protagonista deste livro é um menino que tem muito orgulho de seu pai, um homem culto, inteligente e que conhece as palavras como ninguém. Se os amigos do menino querem saber o significado de alguma palavra, é ao pai dele que sempre recorrem. Quer saber o que é epitélio? Alforje? Lunático? Ele sempre tem uma resposta. A curiosidade dos amigos é tão grande que o menino logo percebe: e se começasse a negociar o significado das palavras? Gorgolão? Vale uma fotografia de um navio de guerra. Enfado? Um sorvete de picolé, trazido pelo dono da sorveteria. Pantomima? Um chiclete.
E assim começa seu "negocinho" no bairro, escondido do pai, é claro. O menino, sempre com um humor leve e envolvente, descobre como é importante conhecer as palavras, pois assim ele vai saber conversar, orientar as pessoas, explicar suas idéias e sentimentos, desempenhar melhor suas tarefas, progredir na vida, entender todas as histórias que lê e até mesmo convencer uma menina a namorá-lo! E, assim, vai aprendendo essas e outras lições valiosas e percebendo com seu pai o quanto a leitura é necessária, pois quanto mais palavras você conhece e usa, mais fácil e interessante fica a sua vida.
Para escrever esta história, o jornalista Ignácio de Loyola Brandão inspirou-se em sua própria infância, na cidade de Araraquara, interior de São Paulo, nos anos 40. Seu pai, assim como o pai do personagem do livro, era um apaixonado pelas palavras que conseguiu formar uma biblioteca com mais de 500 volumes. Segundo Ignácio conta, foi o pai quem o incentivou a ler desde que foi alfabetizado. E revela outra verdade: sim, ele chegou a trocar com seus colegas de classe palavras por bolinhas de gude e figurinhas.
Бартоломеу Кампос де Кейрос0.0 Três pares de óculos? Um para ver o perto, outro para ver o longe e mais um para procurar os outros dois? Esses óculos surpreendentes trarão muita diversão e reflexão para quem ousar coloca-los.
Лира Нето0.0 Um homem público contraditório, incansável na defesa de suas ideias. Um escritor polêmico, que travou inúmeras batalhas intelectuais com adversários célebres. A vida do romancista, jornalista e político José de Alencar é aqui reconstituída em detalhes pelo jornalista Lira Neto, que revela facetas inusitadas do biografado, após consulta a documentos do século XIX pouco ou nunca usados pela crítica literária e pela historiografia.
Como literato, panfletário cruel, polemista incansável, Alencar não apenas ousou, ainda jovem, atacar Gonçalves de Magalhães, o poeta protegido do rei. Mas também chocou sua época com temas até então interditos, sendo acusado de obsceno e imoral, chegando a ser proibido pela polícia. Mas foi ainda além. Propôs-se a tarefa da invenção da literatura brasileira, revolucionando a temática e a linguagem, amargando a pecha de "escrever errado" pela crítica de seu tempo, apegada aos cânones lusitanos.
Na política também foi ousado. A melhor expressão disso é sua oposição a d. Pedro II, o que lhe valeu a inimizade do trono. Não perdeu oportunidades de ridicularizar o imperador, como rei ou como "filósofo". Daí o título deste livro, que nos retrata um Alencar bem mais inquieto e controvertido do que aquele apresentado pelos manuais escolares de literatura.
Жоао Ансанелло Карраскоза0.0 O livro é o balanço da produção contística de João Anzanello Carrascoza. Selecionados por Nelson de Oliveira, os 17 contos do volume revelam a trajetória de um autor ímpar no cenário literário atual. Vencedor do Prêmio Internacional Guimarães Rosa - Radio France Internationale, Carrascoza é autor de alto risco para o leitor desavisado. Nada de violência gratuita ou palavras artificialmente impactantes. Seus textos revelam paciência e depuração. O resultado vem na forma de um bordado delicado, adequado ao olhar de aproximação e afastamento. Não há cores fortes. Não há facilidades. São narrativas que exigem cumplicidade do leitor. Em determinados autores, o leitor mergulha de cabeça; em Carrascoza, afunda em areia movediça. Com sua prosa hipnótica, cada passo num conto de Carrascoza é decisivo, criando um mundo de pequenas expectativas: é o leitor assimilando a voltagem poética de Carrascoza. As miudezas ganham vida. Os detalhes do cotidiano são aumentados pela lente da lupa.
Шику Буарки4.7 Бразильца Шику Буарки (р. 1944) можно сравнить с Булатом Окуджавой: он популярен прежде всего как бард, однако является и автором нескольких романов. Главный герой «Будапешта» (2003) – «литературный негр», работающий в агентстве, выполняющем заказы на написание разнообразных текстов в заданных форматах. По заказу одного из богатых клиентов он превращает его банальные устные воспоминания в увлекательное повествование; получившаяся книга становится бестселлером, а мнимый автор пожинает плоды незаслуженного литературного успеха. Впрочем, это лишь внешняя сюжетная канва, за которой скрывается глубинный метафизический сюжет, связанный не только с отношениями между реальным и мнимым авторами, но и с более глубинной проблематикой отношений между автором и персонажем и между текстом и действительностью. Буарки так виртуозно стирает между ними границы, что «швов» и «стыков» практически не видно и читатель далеко не сразу понимает, что автор водит его за нос, выдавая вымысел за реальность и наоборот. Достойное продолжение и развитие лучших традиций Кафки и Джона Барта.
Перевод с португальского и послесловие Екатерины Хованович.
Название номера: «Как слово наше… продается»
Номер в целом посвящен теме «Литература и коммерция» (хотя некоторые материалы естественным образом выходят за рамки заявленной проблематики)
Милтон Хатум0.0 Set in the great Brazilian port of Manaus during the golden decades of the Rubber Boom in the late nineteenth and early twentieth centuries, this is the story of identical twin brothers who battle for the love of their mother. It is also a portrait of a city built over the confluence of two great rivers in the middle of the Amazon rainforest.
Fernando Morais0.0 Fernando Morais investiga a Shindô Remmei, ou Liga do Caminho dos Súditos, que acreditava, após o término da Segunda Guerra, na vitória japonesa. Seus seguidores - cerca de 80% da população japonesa em São Paulo - perseguiram os imigrantes que sabiam sobre a derrota do Japão. Entre janeiro de 1946 e fevereiro de 1947, mataram 23 imigrantes no estado de São Paulo.
Гита Грин Деберт0.0 Este livro vem suprir uma demanda e mostrar como a pesquisa universitária pode contribuir para a discussão de um tema cada vez mais relevante na discussão das políticas públicas do futuro. Os integrantes da chamada Terceira Idade crescem a cada ano e já são uma porção considerável na nossa população, o que coloca para as famílias, para as empresas e para o governo questões que não podem deixar de ser respondidas. O asilo seria uma solução? A aposentadoria precoce, estimulada em algumas empresas, é uma boa idéia? A gerontologia, ciência da velhice, já tem elementos para nos ajudar a responder essas perguntas? Todos esses temas, tratados com competência, comparecem neste livro que inaugura uma contribuição importante da antropologia ao debate acerca da velhice.
Марилена Чауи0.0 A tradição judaico-cristã crê na existência de um ser supremo transcendente que, por um ato de vontade, cria o mundo e os seres humanos, dando a estes o livre-arbítrio para escolher entre o bem e o mal. Quando Espinosa (1632-77) afirma: 'Deus, ou seja, a Natureza', ele subverte essa crença. Demonstra que o ser absoluto é imanente ao universo e que todas as coisas são efeitos necessários de sua ação. São inúmeras as interpretações da obra de Espinosa; alguns consideram até que, para ele, a liberdade humana é impossível. Neste livro que é fruto de mais de trinta anos de estudos, Marilena Chaui opõe-se a tal visão e mostra que a imanência de Deus à Natureza é a condição necessária para a existência dos seres individuais e para a sua liberdade.
Меналтон Брафф0.0 O livro tem como tema o pânico em que vivem as classes abastadas, o medo do seqüestro e da violência urbana; a solução individual pela fuga para países do primeiro mundo; a vida que poderia ter sido se não tivesse sido a que foi. Personagem central: Alberto, um selfmade man, industrial aposentado. Com um enredo enxuto (o temor de um velho empresário de ser atingido pela violência), consegue construir uma narrativa intensa, que desperta interesse – e inquietação – da primeira à última página. O autor ganhou o Prêmio Jabuti em 2000 como o melhor livro de ficção.
Драуцио Варелла0.0 Com mais de 430 mil exemplares vendidos no Brasil, este livro descreve o dia-a-dia daquela que foi a maior prisão da América Latina. O relato de Drauzio Varella, que serviu de base ao filme “Carandiru”, de Hector Babenco, recentemente exibido nas salas portuguesas, regista a sua experiência pessoal e o contacto próximo que travou com os detidos, ao longo de mais de uma década de convívio com estes.
Críticas de imprensa:
"Estação Caranditu é uma bofetada violenta à indiferença e passividade. (...) O clínico [Drauzio Varella] confronta o leitor com um mundo paralelo do presídio sem antes anestesiá-lo e, assim, prepará-lo para a barbárie que ele próprio presenciou. (...) Carandiru, tal como é exposta, desmascara a impotência e incompetência do sistema e das instituições públicas, ao mesmo tempo que justifica como se legitimou a pena de morte, o tráfico de drogas, a prostituição e a corrupção administrativa. Drauzio fá-lo como um pivot isento e imparcial que, aparentemente não se deixou amachucar pela experiência de anos de contacto com histórias de vida e de morte e é assim que protege o leitor de uma abordagem sentimentalista."
Ana Morgado, Maio de 2005
Меналтон Брафф0.0 Sintéticos e densos, os contos de Menalton Braff, ex-professor de Letras, firmam que o saudoso escritor Moacyr Scliar estava certo ao escrever o apaixonado texto para a orelha das primeiras edições da obra: “Não tenham dúvidas os leitores: estamos diante de um notável contista. (...) O que temos aqui é o conto em sua melhor expressão. São textos muito curtos, mas carregados de intensidade dramática: aquelas situações-limite em que o ser humano se vê cotejado com sua realidade externa e interna”. À sombra do cipreste traz dezoito contos, pequenas histórias bem urdidas, onde o autor dissipa temas e personagens saídos do dia a dia, gente que encontramos no trabalho, na rua, entre familiares e amigos mais próximos, que carregam junto de si segredos e dilemas. Os perfis desses personagens e situações servem como base para os textos apresentados na obra.A título de exemplo, temos um dos contos em que Braff exprime a vida de um casal cujo amor se esvaiu, transformando-se em uma simples coisa vazia. Noutro, num texto sem pontuação, ele discorre como o fluxo nervoso de um monólogo, sobre a neurose de um pai de família, em seu dia de folga. Mais do que uma seleção de contos, as histórias desde livro formam um conjunto coerente de temas que expõem uma visão bem perfeita da vida. Para essa edição que acaba de ser lançada, Menalton Braff preferiu não alterar nada do texto original, diferentemente do que fazem outros autores. “Se tiver que trabalhar para reescrever um conto, então faço um novo.” Por essa obra que o revelou para o país ele tem um carinho especial. “Ela representa a catapulta da minha carreira literária. É o meu ‘jeguezinho’, montado no qual eu sigo o meu caminho.”